quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Busca
Espera
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Papilas Gustativas
Mulheres
Eu poderia discutir também por que as mulheres que não são mães sentem-se inferiores às que o são. Mas essa é uma questão mais biológica do que psicológica. O corpo da mulher foi feito para que ela fosse mãe. Ser mãe e a sua função social. Sem isso ela se sente uma fracassada. E a educação machista à que são submetidas contribui muito para isso.
As mulheres, sem dúvida, possuem muitos complexos. Mas enfim, mulheres são complexas por natureza, e se não o fossem os homens não as amariam. Elas mesmas não conseguiriam amarem-se umas às outras. A complexidade é algo inerente ao caráter feminino. Sem isso a mulher fica incompleta. Por mais simples que uma mulher possa parecer, ela sempre esconde uma grande e profunda complexidade em seu interior. O que acontece é que muitas vezes, geralmente por medo ou por algum outro motivo banal, ela esconde até de si mesma a sua própria complexidade, e fica vivendo como uma mulher simplória para agradar ao marido, aos filhos, aos pais, à família, aos amigos, à sociedade. Isso não é vida. Uma mulher necessita exercer a sua complexidade para ser verdadeiramente uma mulher, e não apenas um ser com uma vagina.
Leitura complementar: Fatos da vida animal
boquete
egocentrismo
mas não consigo ver
pois estou apaixonado por mim mesmo
e como todos sabem
a paixão
cega.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Leslie
domingo, 28 de dezembro de 2008
Matadouro
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Bailarina, Egocêntrica & Escandalosa ou Sol ou Considerações Filosóficas Acerca Do Encontro Com A Mulher Perfeita
Incomensurável. Esta é a palavra, creio, que melhor define o conjunto de sentimentos exacerbados que convencionei chamar neste texto de: Ela.
A primeira descrição que li dela, isso muito antes do encontro, era composta por três palavras: bailarina, egocêntrica & escandalosa.
Bailarina: Que baila. Dança. Arte. Que usa o corpo como uma obra de arte. Que traduz nos movimentos do corpo os sentimentos da alma. Sentir. Bailar. Bailarina.
Egocêntrica: Que gosta de ser o centro. Sol. Centro de gravidade. Magnetismo pessoal. Força. Energia. Luz. Que ilumina. Que ama e ilumina. Que modifica. Força motriz do universo. De tudo que está ao redor. Sol. Centro. Egocêntrica.
Escandalosa: Escândalo. Chamar a atenção. Novamente centro. Necessidade leonina. Leão. Signo de fogo. Chama mais alta. Que arde. Que queima. Que, desgovernada, fere. Que, novamente, ilumina. Fogo. Força. Luz. Que é vista ao longe. Vista por todos. Sempre. Escândalo. Escandalosa.
Sempre achei curiosa essa descrição: bailarina, egocêntrica & escandalosa. Parecia muita coisa para uma só pessoa. Eu acho estranho usar o conceito de pessoa para defini-la. Embora ela seja uma pessoa, é uma pessoa na milésima potência, o tempo todo. De forma que os conceitos comumente usados não se aplicam.
Mas eu falava da espera. A nuvem de apreensão dissipou-se na escada rolante. Avistei-a. Ali. Esperando por mim num local não previamente combinado, desarmando-me completamente antes mesmo de ter me visto. Ela era linda. Aquele sorriso. Dentinhos de coelho. O sorriso que ilumina. (Novamente sol, luz, centro de gravidade.) O sorriso. O corpo que apresentava mais curvas do que eu me lembrava ou imaginara. Corpo de mulher. (Bailarina. Obra de arte em movimento.) Ela era linda, parada ali no meio da multidão que deixou de existir no momento em que a vi. Usava os mesmos brincos da foto em que Marilyn Monroe a imitava. Chamaram-me logo a atenção, os brincos. Era uma foto em que Marilyn, em um quadro à esquerda, imitava a pose dela, à direita. As opiniões foram unânimes: Marilyn não chegava aos pés dela. Ela usava os brincos da foto com Marilyn. E o cabelo em cachos desgrenhados que emoldurava o seu rosto tal qual o mais belo quadro que deveria ter sido pintado. Repito, ela era linda. E macia. O toque da sua pele. Macia.
(Tenho que fazer um parêntese para informar que é impossível descrevê-la. Indubitavelmente a sua verdadeira natureza é incomensurável e indescritível. Pela abundância de palavras com o prefixo in, o leitor já pode concluir que seria inútil continuar. O que eu retrato aqui, sob o conceito de Ela, é apenas a pequena parte que me foi possível apreender/compreender de tudo o que ela, de fato, é.)
Sentamos em um café semi-deserto. Dois capuccinos. Com chantilly. Ela me explicava, orgulhosa, a técnica para se comer o chantilly sem transformar o café num vulcão. Eu adorava o timbre de voz dela. Era alto e meio rouco. Uma vez eu falava com ela ao telefone, quando disse-lhe que ela tinha voz de quem passava o dia inteiro gritando. (Escandalosa.) Mas no café ela não gritava. Apenas falava em ritmo acelerado, quase compulsivo. Falava. Falava com as mãos. Empoleirada na cadeira – ficava ainda mais linda sentada nessas posições estranhas falando descontroladamente – precisava de um grande espaço à sua volta para movimentar mãos e braços em uma verdadeira dança (bailarina) que acompanhava o ritmo da fala. Certa vez conversávamos sobre uma coreografia que ela estava criando. Ela angustiava-se por não conseguir entender de onde vinham aqueles movimentos. Deveriam ser lógicos, racionais, ela argumentava comigo. Eu sabia que eles jamais seriam. (Movimento, dança, arte, reflexo da alma.) Acho que depois ela também descobriu. Mas ela criava coreografias lindas ali, empoleirada em uma cadeira num café semi-deserto. Ela dançava com braços e mãos enquanto falava descontroladamente sobre si mesma. (Egocêntrica.) Sempre muito agitada. Suas mãos pequenas e macias, muito bem desenhadas, bailavam no ar formando desenhos mil. Eu não podia prestar atenção. O que ela dizia era sempre mais importante do que a obra de arte em movimento que era ela. E haviam os olhos. De um azul muito claro. Olhos muito profundos. Eu tinha medo. Tentava evitar olhares diretos. Disfarçava, dissimulava. Procurava olhar no fundo dos seus olhos quando ela se perdia em si mesma e esquecia que eu estava ali. Quando ela olhava de volta, eu desviava o olhar. Covardia. Medo. Não sei bem de quê. Mais tarde, na rua, em meio à multidão e ao caos porto-alegrense – que também deixavam de existir na presença dela –, eu de óculos-escuros – covarde – pude olhá-la no fundo dos olhos enquanto ela falava comigo. Não sei se ela me via. Se era uma frágil inútil ridícula proteção. No fundo, não adiantava de nada mesmo. Ela já conhecia a minha alma.
Ao deixar-me abandonado no meio de Porto Alegre, ela apontava braços e mãos nas mais variadas direções, alucinada e frenética, meio por pressa, meio por preocupação, meio por desorientação. Eu sorria. Ela era linda. Ela era linda e não existia mais ninguém. Agora também não existia mais a falsa imagem, a ilusão de quem era ela. Agora só havia ela, parada ali, à minha frente, cabelos ao vento, corpo cheio de curvas e a palavra “Liberdade” tatuada na alma.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Confusão
Saudosismo argentino
Elevador
A Arte de Escrever
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Círculos, ciclos & confusões em geral (post confuso que não explica nada e não leva à lugar algum)
"Tudo é maya / ilusão ou samsara / círculo vicioso."
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Ausência
Eu sorri.
– Eu deixei de acreditar no amor há cinco decepções atrás.
– Teu sorriso é sempre tão triste.
E era mesmo. Mas eu não podia fazer nada sobre aquilo.
Estávamos os dois deitados, nus, na cama encharcada com o nosso suor e com o nosso gozo. Era uma noite de verão. As janelas estavam fechadas e estava tudo escuro. Só havia aquele cheiro forte.
– Um cheiro misturado, de união.
Isso era o que ela dizia. Eu só sentia o cheiro dela. Sempre foi assim comigo. Eu só conseguia sentir o cheiro das minhas mulheres. Acho que no fundo isso é bom. Não há lógica nenhuma em querer sentir o seu próprio cheiro. Mas o que me incomodava era ela falando desse “cheiro misturado”.
– Como se nossas almas se fundissem.
Eu nunca acreditei nessa merda. Pra mim almas sempre foram egocentricamente isoladas de todo o resto – incluam-se aí outras almas & menininhas de pernas abertas. E além do mais, não me parecia que o cheiro do nosso gozo revelasse nossas almas. Ou parecia?
Permanecemos deitados no escuro, em silêncio.
– Na nossa atmosfera de amor, como uma bolha.
Pra mim a atmosfera era apenas de exaustão sexual. Mas que parecia uma bolha, isso parecia.
– Eu já te disse que eu não acredito no amor.
Depois do gozo sempre me vem um vazio. Mas às vezes esse vazio é calmo e sereno e melhor que todo o resto.
– Se tu não acreditasse no amor tu não tava aqui comigo.
Às vezes eu fico me perguntando se as mulheres são realmente burras ou se elas definitivamente não querem enxergar. Acabo optando pela segunda. Quase sempre.
– Tu estás aqui para suprir o meu desejo sexual.
(Silêncio)
Às vezes a crueza é o melhor remédio. Um pouco de realidade pra estragar O Amor Romântico Idealizado.
– É só isso que eu sou pra ti? Um objeto sexual?
Fiquei pensando. A maioria delas era só isso mesmo. Mas ela talvez não fosse. Percebi que era com ela que eu compartilhava os meus momentos. Compartilhava tudo. Os livros, os filmes, as músicas, o sexo. Ela me ouvia pacientemente. Me idolatrava em silêncio. Eu sentia aquilo e me orgulhava em segredo.
Quando consegui aquele filme existencialista japonês ela já tinha ido embora. Eu estava muito empolgado com aquele filme. Assisti em estado de êxtase. Queria falar horas sobre ele, queria mostrá-lo para alguém. E foi aí que eu percebi que estava sozinho. Não havia com quem falar. Não havia com quem assistir o filme. Ela havia ido embora. E o mais engraçado é que fui eu que provoquei isso. Solidão pacientemente construída.
– Vai lá. Garanto que até o natal tu tá de volta.
E ela foi. E já há pinheirinhos pelas ruas e ela não voltou. Sempre há mulheres na minha cama. Mas não há mais companhia.
– Se ao menos tu tivesse dito “fica”...
Mas eu não disse. Não diria nunca. Até porque a minha vontade também era de ir-me para um lugar bem longe, um lugar qualquer distante daqui. Talvez voltar pra Buenos Aires. Talvez ir meditar e lutar contra os chineses no Tibet. Sei lá, pra qualquer lugar que não seja aqui.
O verão continua quente e abafado, exceto por algumas noites frias na semana passada. Noites de um bom vinho no meio da solidão.
E eu continuo nesse estado de suspensão da vida. Sozinho. Hibernando. Esperando.
– Tu ainda vai ser um grande escritor.
Pelo menos ela acreditava em mim. E, às vezes, isso faz toda a diferença.
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
sábado, 8 de novembro de 2008
Lágrimas
♫ Milagreiro - Cássia Eller & Djavan
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
as mulheres & o amor
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Considerações Sexuais
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Tempo
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Pois é
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Espera
– Eu não acredito nessas coisas.
Mas qualquer menininha idiota que via os meus textos na internet se dava ao direito de vir me dizer “e tu ainda diz que não acredita no amor...” Eu ficava furioso. Eu decidia minhas crenças, e nenhum texto canalha & cretino iria mudar minhas falsas verdades. Digo falsas, porque eu nunca acreditei
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Caminhada Noturna
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Ela
terça-feira, 14 de outubro de 2008
sábado, 11 de outubro de 2008
Drama
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
o belo
- Cara, mataram o Ryan! Alguém invadiu o apartamento dele, e agora tá postando no blog dele!
Mas não, eu não morri. Apenas a vodka que me fez ir um pouco (ou muito) mais fundo, cavocar, revirar lá no fundo escuro e poeirento, abandonado. E lá, assim, não sei explicar muito bem, acho que eu encontrei algo como um resquício de esperança. Esperança de que, eu não sei. Talvez da vida.
Mas por algum motivo que eu desconheço, tudo isso me fez lembrar do velho Kundera, com o seu sentido estético de beleza, com seu Tomas e sua Sabina.
Mas o que eu queria dizer mesmo é que eu não consigo encontrar o belo, por mais que eu procure. Um vislumbre aqui, outro ali, mas é só névoa sob a luz de mercúrio. Talvez tudo isso seja porque o belo morreu em mim. Lá dentro. Morreu de fome. E sem ter a sua própria beleza inteior, é impossível sentir a dos outros.
sorrir
Sei lá, um sorriso não ia me servir de nada mesmo.
"Não mais um rosto inchado de mágoa, não mais muros, não mais máscaras: Minha face limpa, e um sorriso apenas."
Sabe, é uma imagem bonita isso. Mas nunca vai ser verdade. Não importa quantas máscaras tu tirares, sempre vão haver mais. Não existe vida sem máscaras, é uma simbiose perfeita, indissolúvel.
E quanto ao sorriso...
são coisas...
e um texto com esse tema: Alma Gêmea...
É, encontrar uma identificação imensa & intensa
com alguém que tanto se buscou, assusta sim.
E penso que nem sempre as almas gêmeas ficam juntas..."
(Sonia Regina Cancine)
Desabafo
"Algumas respostas precisam ser sentidas sem que haja uma palavra sequer. E são essas que devem valer realmente a pena."
Eu descobri - na verdade eu sempre soube, mas somente agora eu pude aceitar - que eu me apresso muito. Têm coisas que precisam evoluir naturalmente, lentamente, coisas que precisam de uma construção dura e penosa (ou não), e que não se pode simplesmente resolver em um estalo. Este sempre foi o meu problema, os estalos. Às vezes simplesmente me dá um estalo, e o mundo cai. Sou uma pessoa de paixões muito curtas e muito intensas, e é por isso que eu não posso me dar ao luxo de perder tempo, pois assim como o estalo vem, ele vai. E quando não há mais o efeito daquele maravilhoso - maldito - estalo, não há mais paixão, não há mais companheirismo, não há mais nada. Somente a eterna frustração. Sei lá, talvez seja só orgulho ferido, e tu sabes, eu sou leonino, e todo felino fica perigoso quando está ferido.
Bom, eu sempre acabo me envolvendo na minha eterna teia de explicaçãoes desnecessárias, mas eu sou assim mesmo. O que eu queria dizer mesmo é aquilo ali:
"Algumas respostas precisam ser sentidas sem que haja uma palavra sequer. E são essas que devem valer realmente a pena."
Eu não entendo minha pressa e minhas urgências. Mas esse sou eu, (in)felizmente.
Que os nossos deuses saibam nos guiar. Amém.
http://isabelaguiar.blogspot.com/2008/10/still-i-wonder-why-it-aint-right.html
terça-feira, 7 de outubro de 2008
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Almas Gêmeas
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Confissão
terça-feira, 30 de setembro de 2008
sábado, 13 de setembro de 2008
Diário de Viagem - Parte VII
Os últimos dias em Buenos Aires têm sido tediosos. Já vimos tudo o que havia para ver, não há mais novidades.
Permanecemos a maior parte do tempo em nosso albergue, comendo batatinhas-fritas.
Estou lendo “On The Road”, do Jack Kerouac – realmente, nada mais propício – que sem dúvidas é o melhor livro de todos os tempos. Estou escrevendo muito e finalizando os originais do meu primeiro livro.
No mais, acho que estou engordando, e aqui faz muito frio.
A Maçã
Tergiversações Filosóficas III
“Tudo é maya / ilusão ou samsara / círculo vicioso.”
De resto, é seguir em frente, sempre com os olhos fechados e com muita calma. Mas cego eu nunca fui e calma eu nunca tive. Um trem desgovernado e sem freio. Um trem sem qualquer controle e que nada nem ninguém possa parar. É essa a imagem que me vem a mente sempre que eu penso em mim mesmo. Um trem. E nestes trilhos – que são a vida – tudo é possível. Mas como não há controle, a sorte e o destino se fundem, e nada é previsível. O que eu quero dizer é que não basta viver, há que se sentir o caos penetrando fundo na carne. Há que se sentir a vertigem. Há que se sentir o vento nos cabelos durante a queda no abismo. Há que se degustar com todo o deleite os momentos que precedem o momento final. E todos os momentos são finais.
A vida acaba aqui.
Tergiversações Filosóficas II
Tergiversações Filosóficas I
Diário de Viagem - Parte VI
O clima metropolitano desta cidade já está me afetando. É tudo muito acelerado. Estou estressado, tenso, cansado. Não durmo bem à noite, tenho pesadelos, me agito. Acordo cansado. Já estou sem forças. Nós temos pouco dinheiro e as coisas não estão dando certo. O frio finalmente chegou à Buenos Aires e parece que é agora que a jornada finalmente vai começar. Pelo menos a jornada espiritual.
Graças ao nosso amigo colombiano, hoje nós descobrimos onde fica o Carrefour. Descobrimos também que moramos mais perto do centro do que pensávamos. Mas como nem tudo são flores, fomos almoçar no Ouro Fino Café, na Avenida de Mayo, e descobrimos que nem todos os cafés de Buenos Aires são maravilhosos. O ambiente até que era bonitinho, mas os cafés eram horríveis e a comida intragável.
Estamos cansados. Viemos para casa cedo.
Hoje finalmente compramos todos os apetrechos necessários para fazer funcionar a nossa mini-cozinha, e teremos uma bela refeição com cappuccino bem quente (porque afinal, está um frio do caralho), um pacote gigante de “Papas Fritas Clássicas Lays” (as melhores batatas-fritas do mundo) e uma lata de biscoitos amanteigados (divinos). Nós precisávamos de uma refeição decente depois do nosso almoço fracassado.
Hoje descobrimos também um supermercado na rua Piedras, aqui bem pertinho do albergue. Um super onde há grande variedade de cervejas de um litro por preços módicos, onde há garrafas de Coca-Cola retornáveis e também várias ofertas de vinhos (Gato Negro e Reservado Concha y Toro por 6,80 pesos cada).
À noite voltamos para o albergue, onde o Miguel – nosso amigo colombiano – nos informou que é muito fácil conseguir o visto na imigração – mediante um pagamento de cerca de 200 pesos por pessoa.
Agora à noite a Karina finalmente conseguiu ligar pra casa. As ligações internacionais aqui são muito baratas. Na verdade, todo o custo de vida em Buenos Aires é muito barato – inclusive os programas culturais, afinal, Buenos Aires é uma cidade culta. Aqui se transpira cultura, mas nós continuamos pobres, e apesar do baixo custo de vida, o teatro e os shows de tango ainda nos são inviáveis.
Estou cansado.
Final de noite: Os fósforos do Afonso estão acabando. Comprei um isqueiro lilás para acender os incensos que comprei dos hippies. A noite acaba entre goles de Amarula (cortesia do Afonso) e ao som de Cássia Eller.
Diário de Viagem - Parte V
Pelo segundo dia seguido almoçamos no Burger King, que é um lugar bom, barato e que nos deixa bem alimentados.
À tarde nós finalmente fomos na Embaixada do Brasil (onde os recepcionistas não falavam português). Eles nos mandaram para o Consulado do Brasil (onde os recepcionistas também não falavam português). Do Consulado nos mandaram para a Imigração (onde, provavelmente, os recepcionistas também não falam português). Iremos lá amanhã.
Hoje também conhecemos a Plaza San Martín, onde vimos o Palacio San Martín, o Farol de la Plaza San Martín (presente dos britânicos à Argentina) e o monumento aos mortos na guerra das Malvinas.
Descoberta do dia: Na Plaza San Martín há um grande gramado, que é um belo lugar para deitar ao sol. Adorei a idéia.
Bem, pelo menos as nossas perambulações atrás do visto tiveram um lado bom: nós descobrimos um apartamento para alugar, num prédio antigo, numa ruazinha pouco movimentada, nos arredores da Plaza San Martín. Amanhã ligaremos para a imobiliária.
O final do dia foi estressante. Pegamos um metrô lotado. Não conseguimos descer na nossa estação. Tivemos que descer na estação final e andar até em casa. Chegamos exaustos. Este episódio rendeu até um conto. Bem, por enquanto é isso.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Metrô
Às vezes me dá uma sensação de perda, esta viagem. Como se tudo que eu tivesse conquistado ao longo destes últimos anos agora tivesse se perdido. O dragão de bronze, o bonsai de jabuticaba, os livros – cuidadosamente empilhados um a um, com muito carinho, na estante –, o apartamento confortável e aconchegante. Ficou tudo pra trás. Junto com os amigos e com a família, que é o que realmente faz falta. Ficou tudo pra trás. Eu vim pra cá com nada nas mãos e um punhado de esperanças tolas no coração. É burrice, eu sei. Mas era preciso. Uma nova cidade, um novo país, um novo idioma. Mas tem dias em que eu me pergunto o quanto era preciso. Dias como o de hoje, em que depois de várias horas de caminhadas inúteis e buscas frustradas, eu me enfio embaixo da terra e tomo um metrô lotado. Então, no meio daquela falta de oxigênio e pressões por todos os lados, me vem uma espécie de revelação, e eu penso se tudo isto era realmente necessário. Ao ver a minha estação passando e perceber a minha total imobilidade, sabendo que terei que descer na última estação e caminhar até em casa, eu que já estou tão cansado, tão cansado, tão cansado, sou tomado por uma raiva cega, que tira forças sei lá de onde, e subo escadas correndo e cruzo viadutos em meio ao trânsito caótico correndo e amaldiçôo a decisão de ter saído da minha vida confortável com cama macia e bons vinhos chilenos, amaldiçôo o fato de eu estar aqui. Quando percebo estou na porta de casa, quando dou por mim estou no meu quarto, exausto, sentado na cama, cabeça enterrada entre as mãos, lágrimas correndo. Estou tão cansado que nem sei mais porque choro. Talvez eu chore por tudo que se perdeu. Mas o mais provável é que eu chore por tudo que ainda se perderá. Estou exausto desta vida. Tiro os tênis, deito na cama. Não para dormir. Para esquecer. A vida é cruel, a vida destrói. E tem dias em que eu não sou forte o suficiente para agüentar. Mas da próxima vez que um destes dias vier, eu vou lembrar de não pegar o metrô.
Diário de Viagem - Parte IV
Dia 2
Cena do dia: Estávamos, Karina e eu, caminhando tranquilamente pela rua Florida, quando de repente, no meio do calçadão, pára um senhor com um grande estojo de algum instrumento musical. Ele simplesmente tira uma harpa – enorme! – de dentro do estojo e começa a tocar. Dispensa comentários.
Diário de Viagem - Parte III
Dia 1
Entre 5h e 7h: Tive um pesadelo. Eu sei que parece banal dito assim: tive um pesadelo. Mas as sensações foram muito reais. No meu pesadelo eu estava deitado no meu quarto no albergue. A Karina estava deitada do meu lado, mas estava dormindo. Uma mulher se aproximou pelo meu lado da cama. Parecia cigana. Usava um longo vestido vermelho e tinha longos cabelos negros. Era muito bonita, mas sua beleza era fria, dura, má. Ela debruçou-se sobre mim. Seus cabelos caíram por sobre o vestido. Eu senti que ela ia me faze mal – provavelmente ela estava tentando me matar, embora não tocasse
Manhã: A wireless do albergue é ótima, a rede mais rápida que eu já usei. Pela manhã nós descobrimos o endereço da Embaixada do Brasil
Bom, depois de tomar café e de ver o que precisávamos ver na internet, nós fomos visitar a Universidad Abierta Interamericana, que fica praticamente na frente do nosso albergue. O simpático atendente, que falava em um espanhol pausado e muito bem articulado, passou todo o tempo do mundo nos dando todas as informações necessárias – e mais algumas – para caso desejássemos ingressar na UAI. Depois ele deu-nos por escrito todas as informações que havia nos explicado – eu quase me emocionei. Bem, dentre as informações mais importantes eu destaco o valor da mensalidade da UAI: 343 pesos argentinos. Creio que não preciso comentar mais nada. Mas apesar do valor irrisório, ainda não sei se nós vamos ingressar na UAI, pois eles exigem uma tonelada de documentos devidamente reconhecidos, registrados e traduzidos.
Meio-dia: Por volta das 11:30 nós pegamos o metrô para o centro e almoçamos no shopping da rua Florida.
Tarde: Nós fomos passear por alguns sebos da Avenida de Mayo e, para minha frustração, embora vimos muitos livros antiqüíssimos, não encontramos nenhum realmente interessante. Prefiro mil vezes os sebos de Porto Alegre.
Nós percebemos que existem algumas “modinhas” correntes aqui
Nós dormimos pouco esta noite e ainda estávamos cansados das longas caminhadas de ontem, então voltamos para casa às 14:30.
Tarde – Parte II: Não ficamos em casa por muito tempo. Logo saímos em busca de um grande shopping. Pegamos o metrô na Estación Constitución, depois pegamos uma conexão na Diagonal Norte e descemos na Estación Carlos Gardel, que já sai dentro do magnífico shopping Abasto, na Corrientes.
O shopping é extremamente maravilhoso. Tem ótimos cafés, tem uma boa livraria, tem um belíssimo restaurante italiano... tem um parque de diversões. Sim, isso mesmo. Tem um parque de diversões dentro do shopping. Com direito à roda gigante e barco viking. O shopping tem uma estrutura enorme e muito bonita. Lembra muito aquelas antigas estações. Na verdade, o shopping Abasto lembra-me muito a Estación Constitución.
Bem, eu estou escrevendo sentado no ambiente mais legal do shopping. Bem no centro da praça de alimentação – que é formada basicamente por cafés e restaurantes orientais – há um tablado alto, de madeira, de forma circular. Por toda a borda deste círculo existem sofás e mesinhas baixas pra ti deitar, esticar as pernas, tomar um capuccino, descansar, pensar na vida, ler, escrever, o qualquer outra coisa que te apeteça. Também se pode ficar “viajando”, o que é mais provável, pois do teto pendem três enormes – enormes mesmo – lâmpadas com aquelas luzes terapêuticas que ficam mudando de cor. Cromoterapia de graça no meio do shopping. Acho que eu vou dormir agora...
Tarde – Parte III: Bom, no shopping nós encontramos uma ótima livraria. A Karina me deu um livro do Ken Follett, “Los Pilares de
Obs: Havia painéis espalhados por todo o shopping, com a foto da Amy Winehouse e com a frase: “Livin’ la vida loca”.
Depois nós fomos ao hipermercado que há na frente do shopping para comprar suprimentos, e voltamos para casa. Pegamos o metrô na hora do rush. Não existia oxigênio dentro dos metrôs e nem dentro das estações. A temperatura devia estar em torno de uns 60ºC.
Noite: Chegamos em casa mortos. Vamos comer e depois eu vou apreciar o meu belíssimo livro novo. Estou inspirado para ler
Bom, por hoje é só. Amanhã eu acho que nós finalmente vamos à Embaixada do Brasil.
Buenas Noches!
Diálogo da noite: Eu comentando sobre as bochechas da Karina.
– Tu parece um baiacu inflado.
– Eu não pareço um baiacu inflado!!!
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Diário de Viagem - Parte II
Dia 31
Manhã: Acordamos e tomamos café. O choque inicial já se desfez. O albergue não parece mais tão ruim. Na verdade, é até um lugar simpático, com pinturas hippies nas portas e fotos de Diego Maradona por todo lugar.
Manhã: Saímos para dar uma volta e conhecer Buenos Aires. Está quente aqui, achei que estaria bem mais frio. Caminhamos pelos arredores do nosso albergue, que fica no bairro de San Telmo. Descobrimos que estamos hospedados perto da Plaza Constitución. Descobrimos os nossos possíveis trajetos nas linhas do metrô. Nós embarcamos na Estación Plaza Constitución ou na Estación Entre Rios e descemos na Estación Bolívar ou na Estación Catedral ou na Estación Piedras. Nós já demos umas voltas pelo centro. Vimos a Plaza de Mayo e a Casa Rosada. Estou encantado com os prédios históricos e as ruelas do centro velho. Os pombos da Plaza de Mayo são um espetáculo a parte.
Meio-dia: Encontramos um belo lugar para almoçar. Ok, as pessoas no Brasil não vão acreditar no que eu vou dizer agora, mas lá vai: Nós almoçamos no McCafé. Uma cafeteria do McDonald’s. E que cafeteria. Possivelmente a melhor cafeteria em que eu já estive. Extremamente requintada. Um ambiente de extremo bom gosto, digno de Buenos Aires, e que não lembra em nada as redes de fast-food norte-americanas. Tudo com muito requinte. As bandejas, as taças de café, os guardanapos – um parêntese para os guardanapos: os guardanapos mais requintados que eu já vi. Os cafés eram enormes e deliciosos. Possivelmente os melhores cafés que eu já provei. Ah, e ao contrário de muitas cafeterias do Brasil, aqui os cafés vêm acompanhados do famigerado martelinho de água mineral com gás – isto é muito importante. Para completar, uma bela música ambiente.
Obs: Durante o almoço eu e a Karina convencionamos chamar o nosso quarto no albergue de “Lugar Onde Estamos Ficando”, já que não conseguimos encontrar uma denominação adequada para lá.
Obs II: Durante o almoço eu descobri que a Karina ainda não está falando espanhol porque ela acha que fica pernóstico.
Tarde: Passamos a tarde caminhando pela rua Florida. É um calçadão, ao estilo da Rua da Praia
Bem, encontramos muitas coisas na rua Florida. Ela é repleta de artistas de rua. Mas o que mais nos chamou a atenção foram os cafés. Há alguns cafés charmosíssimos na rua Florida. Pudemos ver também toda a beleza e o esplendor dos grandes prédios históricos, embora, infelizmente, muitos deles tenham que conviver com as pichações e o abandono. Buenos Aires é uma cidade de contrastes. Vimos alguns mendigos, artistas de rua, hippies, turistas italianos, mas o fato é que a cidade está infestada de emos. Tu vai vê-los em qualquer lugar para onde olhares. São tantos os contrastes de Buenos Aires que é possível até mesmo encontrar uma loja chamada “New Coliseum”.
Bem, como descobertas importantes no setor de logísticas, nós descobrimos que a nossa linha de metrô é a linha “C”, e que podemos pegar o metrô na Estación Plaza de Mayo e chegar a Estación San Juan que, para nossa surpresa, fica na esquina do nosso albergue. Nossos passes de metrô – detalhe: a passagem do metrô custa 90 centavos de peso – indicam que nós fomos para o centro às 11:18 e voltamos às 16:31. Mas como até nós encontrarmos a Estación Entre Rios nós já havíamos caminhado muitos quilômetros, e andamos muitos mais no centro, às 16 horas nós já estávamos mortos. Então tomamos um café reforçado no McCafé, com direito à croissants amanteigados e muffins de chocolate. Depois voltamos para o “Lugar Onde Estamos Ficando”. No caminho descobrimos onde fica o famoso Grand Café Tortoni. Como descoberta do final do dia, posso acrescentar o fato de que o nosso albergue não tem lavanderia. Mas de acordo com o Matias, nosso simpático atendente, existe uma lavanderia há uma quadra e meia do albergue.
Aqui escurece muito cedo, por volta das 17:30. Como estamos sempre muito cansados, nós dormimos cedo. Ontem fomos dormir às 18:30, e só acordamos 14 horas e meia depois.
Nossa programação para amanhã envolve ir à Universidad Abierta Interamericana e tentar conseguir uma vaga lá. Depois vamos à Embaixada do Brasil tentar um visto de estudante ou qualquer coisa parecida, pois o visto de turista só é válido por três meses e não permite exercer atividades remuneradas. Também vamos tentar habilitar o roaming internacional dos nossos celulares para não ficarmos tão incomunicáveis.
Nós ainda não decidimos se ficaremos aqui
Amanhã eu provavelmente terei que ir lá na sala do albergue para postar isso, afinal, a wireless não funciona aqui no quarto.
Bueno! Acho que vou dormir.
Noite: Ainda não dormi. Há pessoas correndo pelos corredores do albergue, gritando coisas em espanhol. É divertido.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Diário de Viagem - Parte I
Dia 29
Noite: O ônibus sai de Porto Alegre com direção à Buenos Aires com uma hora e meia de atraso.
23h58min – Eu e a Karina começamos a namorar oficialmente. Pela terceira vez.
Dia 30
Madrugada: O ônibus parou por meia hora na garagem, em Uruguaiana, para um conserto.
Manhã: O ônibus quebrou a 3 horas de Buenos Aires. O motor estourou. Esperamos cerca de uma hora até o outro ônibus chegar.
Tarde: Chegamos na rodoviária. Dois carregadores de malas praticamente nos assaltaram. Prejuízo: 50 pesos. E o cara que chamava os táxis ainda ficou rindo da nossa cara.
Tarde: Chegamos no albergue, que não é exatamente como aparecia no site. Eu diria que é bem pior. Meu Deus, o lugar é horrível!
Obs: Ok, eu admito, as coisas não começaram muito bem. Mas tudo vai melhorar. TEM QUE MELHORAR!
P.S.: Eu estou A-PA-VO-RA-DO.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Bula
Eu sou proibido
para menores
de 18 livros.
Contra-indicado
para pessoas
com nível de abstração
inferior ao nitzscheano.
Causo efeitos colaterais
como corações partidos
& dores de cabeça,
além dos clássicos
náusea, vômito e diarréia.
Eu sou venenoso,
e até mesmo fatal
se ingerido em altas doses.
Causo alucinações
e sou contra-indicado
para quem tem síndrome de pânico
& epiléticos em geral.
Eu vicio.
Eu mato.
Eu sou a morte
em vida.
Eu sou a morte
por escolha própria.
Eu sou o suicídio
involuntário.
Eu não sou nada.
Amém.
Pseudo-tentativa de auto-análise de merda
E eu consegui estragar tudo pela milésima vez. É um talento natural. Como o futebol do Ronaldinho Gaúcho antes dele se perder como todos nós. O Ronaldinho tem talento pra driblar, eu tenho talento pra foder com a vida. Daí eu ponho uma música lenta e tento uma reflexão, mas na verdade eu já desisti de tentar me analisar. Chove lá fora e isso não é nenhum clichê literário: chove compulsivamente há semanas, meus três pares de tênis estão molhados e meu sobretudo parece que caiu na piscina. Eu sei que comprar uma caneta do R$60,00 não vai me fazer escrever melhor, mas vale a tentativa. Os vinhos, a vodka, os cigarros: tentativas. Tentativas de encontrar uma arte que me ultrapassa. Arte. Esta arte é mera desculpa corriqueira que eu dou enquanto continuo fodendo com a minha vida e com a vida de todos que se aproximam de mim. Principalmente as mulheres. Tento viver demais em pouco tempo, tento suprir tudo que me falta, mas eu nem sei mais de que eu sinto falta. Acho que eu nunca soube. Uma busca às cegas. Fadado ao fracasso, fadado à morte, fadado à qualquer outra merda que não esta em que vivo. Enquanto como alternadamente, divididas pelos dias da semana, aquelas duas meninas que me amam, eu fico me perguntando qual delas eu desprezo mais. Tenho nojo de mim mesmo, mas não consigo ser diferente. Como diz meu amigo Juliano, estou “estragado” por dentro. Tudo pela ação criadora. Boas leituras & más vivências. Esperando que dê frutos, esperando que dê resultados, esperando sucesso/reconhecimento/dinheiro e algumas piranhinhas a fim de dar a noite toda. No fundo, é tudo enrolação. O que eu quero mesmo é uma boceta pra foder. Mas não por muito tempo. Acho que depois que você goza uma certa quantidade, digamos uns dois ou três litros de porra dentro da mesma boceta, ela torna-se repugnante. É por isso que o rodízio de bocetas é tão importante. Porque chega uma hora em que a náusea supera o tesão, e ao invés de gozar eu vomito. O efeito é quase o mesmo, mas as bocetas – quer dizer, as mulheres – não gostam muito. Minha cara sempre fica dormente com tanta vodka. Tenho dificuldade em segurar a caneta, preciso desenhar as letras enquanto Billie Holiday me atormenta nesta semi-penumbra. Não adianta: enquanto eu não morrer – de novo – eu não vou conseguir escrever.