segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Pseudo-tentativa de auto-análise de merda

E eu consegui estragar tudo pela milésima vez. É um talento natural. Como o futebol do Ronaldinho Gaúcho antes dele se perder como todos nós. O Ronaldinho tem talento pra driblar, eu tenho talento pra foder com a vida. Daí eu ponho uma música lenta e tento uma reflexão, mas na verdade eu já desisti de tentar me analisar. Chove lá fora e isso não é nenhum clichê literário: chove compulsivamente há semanas, meus três pares de tênis estão molhados e meu sobretudo parece que caiu na piscina. Eu sei que comprar uma caneta do R$60,00 não vai me fazer escrever melhor, mas vale a tentativa. Os vinhos, a vodka, os cigarros: tentativas. Tentativas de encontrar uma arte que me ultrapassa. Arte. Esta arte é mera desculpa corriqueira que eu dou enquanto continuo fodendo com a minha vida e com a vida de todos que se aproximam de mim. Principalmente as mulheres. Tento viver demais em pouco tempo, tento suprir tudo que me falta, mas eu nem sei mais de que eu sinto falta. Acho que eu nunca soube. Uma busca às cegas. Fadado ao fracasso, fadado à morte, fadado à qualquer outra merda que não esta em que vivo. Enquanto como alternadamente, divididas pelos dias da semana, aquelas duas meninas que me amam, eu fico me perguntando qual delas eu desprezo mais. Tenho nojo de mim mesmo, mas não consigo ser diferente. Como diz meu amigo Juliano, estou “estragado” por dentro. Tudo pela ação criadora. Boas leituras & más vivências. Esperando que dê frutos, esperando que dê resultados, esperando sucesso/reconhecimento/dinheiro e algumas piranhinhas a fim de dar a noite toda. No fundo, é tudo enrolação. O que eu quero mesmo é uma boceta pra foder. Mas não por muito tempo. Acho que depois que você goza uma certa quantidade, digamos uns dois ou três litros de porra dentro da mesma boceta, ela torna-se repugnante. É por isso que o rodízio de bocetas é tão importante. Porque chega uma hora em que a náusea supera o tesão, e ao invés de gozar eu vomito. O efeito é quase o mesmo, mas as bocetas – quer dizer, as mulheres – não gostam muito. Minha cara sempre fica dormente com tanta vodka. Tenho dificuldade em segurar a caneta, preciso desenhar as letras enquanto Billie Holiday me atormenta nesta semi-penumbra. Não adianta: enquanto eu não morrer – de novo – eu não vou conseguir escrever.

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