terça-feira, 30 de outubro de 2007

The Man

Porque quando te dói tudo desta forma tão excruciante e você não compreende ou pior, compreende o que é estar vivo. Você quase morre. Você vai para outro lugar. Você sente. Mais, diferente. E daí você cai naquele abismo sem fundo. E tem toda aquela agonia de ser o que ninguém entende e não poder fugir de si mesmo e não poder mudar porque você já foi longe demais e não poder voltar atrás porque você já foi fundo demais. Toda aquela agonia e toda aquela dor. Fuck them all. I don’t need this shit. E correr e correr e correr e cansar de correr e parar e afundar. E enlouquecer. E morrer.

sábado, 27 de outubro de 2007

Um conto... ou algo parecido (by Su & Ryan)

A melancolia tomou conta do meu lar. Decidi sair, procurar o que não estava ali. Mas ela parece me perseguir. Chovia incessantemente. Eu não conseguia ver mais nada, mas o sentimento era cada vez mais dilacerante. Eu precisava de algo para me acalmar. Acendi um cigarro para tentar relaxar. Posso estar doente da alma? Ora, e desde quando almas ficam doentes? Ficam? É, acho que sim... e as doenças de alma são muito piores que as doenças de corpo. As doenças de corpo a gente cura com remédio. As doenças de alma não tem cura... As doenças de corpo acabam na morte. As doenças de alma podem viver e morrer comigo... muitas vezes. Preciso de um bálsamo. Ou de um caminho. Não sei ao certo o quê, mas preciso de algo. Talvez de uma luz... mas saberia eu reconhecê-la, se ela aparecer? Dizem que a gente só sabe depois que ela já se apagou... E se for assim comigo? Será que a minha luz já surgiu? E eu conseguirei vê-la antes que se apague? Ou talvez... minha luz não possa encontrar-me... pois estou eu apagado... Não sei não sei não sei... mas estou cansado, cansado de gritar e ninguém ouvir... Minha melancolia é a minha escuridão, e estou cansado de não ver luz alguma. No que isso vai dar? Não sei... como poderia eu saber? Eu luto por vezes, fujo por outras... mas de nada adianta: acabo sempre voltando ao ponto de partida. Meu universo de pequenos nadas... todos os olhares, que nunca foram mais do que simples olhares, mas que para mim, foram muito mais... cada palavra que lembro até hoje... esse meu círculo vicioso de eternas buscas frustradas... Quando vou aprender? Quando vou crescer? Não, eu não quero crescer. Crescer é mau, é sujo, é feio! Eu quero... simplesmente... ser diferente... eu quero... viver. Ou não. Eu quero um amor... mas o que é amor? Acho que há muito perdi o jeito de amar... Mas ainda assim me pergunto: onde está o meu amor? Talvez... eu nem saiba o que é o amor... não de verdade... E me pergunto: irá existir um alguém capaz de me entender? Eu acho que estou buscando nos lugares errado, da maneira errada... talvez... eu nem saiba o que realmente estou buscando... O que é o amor? É compreensão? É amizade? É sexo, bom, carinhoso ou selvagem? Talvez seja simplesmente algo que ninguém esteja disposto a dar. Algo que não tem nome... que não tem explicação... mas que se sente... E será que eu estaria disposto a dar o meu amor para alguém? Como saberei... De certa forma, a minha melancolia me dá uma agradável proteção... e um confortável distanciamento... de tudo... de todos... Um dia ainda viro essa página. Hoje não. Hoje eu quero... chorar. Mas nem chorar eu consigo! O que há comigo?! Minha armadura já me sufoca. Eu acho que... eu não consigo mais sentir. E não há ninguém aqui comigo. Está tudo tão árido e seco. Minha alma, meu coração, eu estou árido e seco! Mas eu não escolhi ser assim, apenas tive que aceitar. Essa vida e esse mundo e essas pessoas me transformaram no que sou hoje. Não, eu não tive escolha. Precisei da minha armadura para me proteger. E se hoje ela entra na minha carne e tira a minha vida, eu só posso dizer: não foi culpa minha. E não me venha com soluções. Só eu sei pelo que passei, só eu sei o que sofri. E por mais que eu tente, você não vai deixar. E por mais que você tente, eu não vou deixar. Esse é o meu destino, quer tenha eu o escolhido (como dizem), quer tenha ele sido imposto a mim. Então procuro uma estrela e faço meu pedido e saio feliz achando que tudo vai melhorar, mas eu sempre caio, e cair dói tanto... E deixo de acreditar nas estrelas, deixo de acreditar em fadas e duendes, deixo de acreditar em deuses e seres mitológicos... deixo de acreditar na magia das coisas... e então vejo esse mundo sem mágica, e me vejo caído sozinho e com uma dor dilacerante, no meio desse mundo sem mágica... Então todos dizem que sou louco, mas sou apenas sentimental. Mas se eu não for sentimental, eu vou ser como qualquer pessoa... e se for para ser como qualquer pessoa, prefiro o meu caixão. Morrer sempre foi tão mais glorioso pra mim. É tão mais fácil! E me parece tão mais lúcido do que viver nesse mundo insano. Por um momento de paz, eu iria... para acabar com as minhas divagações... “Mas não tem volta!” me diz aquela vozinha interior. O que me conforta ainda mais. E eu grito: não quero voltar!!! Mas então... o que me impede? Covardia? Não... deve ser algo mais forte... mais profundo... Sucessivas tentativas fracassadas? Ou a esperança em algo... Mas em quê? Não sei ao certo... Ou sei, e é justamente aquilo que eu mais temo. Mudança. Eu como eterno insatisfeito que sou, sempre espero que as coisas mudem. Mas eu devo ter esperança em quê? Em dias melhores, em pessoas bacanas, em amor de verdade... eu acredito que um-amor-de-verdade possa me "consertar". Mas talvez... eu tenha medo de amar. E tenho! O que faço? Fujo! E me arrependo... É do meu feitio, é o meu instinto. E eu sei que nunca vou ser feliz assim...
(tá doendo)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Busca, reconstrução ou algo a ser feito...

Fazia tempo que eu não ouvia uma coisa tranqüila e agradável. Aquela coisa de tentar fazer algo para se sentir bem, saca? Aquela coisa de ouvir musiquinhas tranqüilas com historinhas de amor. Aquela coisa de colocar canela e chocolate-em-pó no café. Aquela coisa de ler livros lisérgicos e fugir da realidade.

Quem sabe até mesmo aquela coisa de procurar algumas noites, com algum rock, com algumas pessoas, com algumas cervejas, com algumas andanças. Talvez algumas conversas e, quem sabe, até alguns sentimentos perdidos.

É tudo isso: aquela coisa de tentar se curar. Buscar uma vida nova. Ou a velha. A anterior. Mais uma busca. Tentar se reconstruir. Por dentro e por fora. Voltar.

Não sei. Mas algo há de ser feito...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Rehab

♫ They tried to make me go to rehab
But I said 'no, no, no' ♫



Porque eu gostei.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Menina-moça

Ela é aquela menina-moça, de pele branquinha, que se veste de preto – às vezes com listras brancas ou bolinhas vermelhas – e pinta as unhas e a boca de vermelho-vivo. Ela anda sozinha pelas madrugadas, dançando e cantando com uma cerveja na mão. Ou anda com loucos, bêbados, drogados e outros subvertidos sociais. Ela gosta de tomar vodka. Adora a roda gigante e o barco viking. Gosta de brincar com balões – de preferência amarelos.

Ela é aquela de quem as meninas falam mal,

Pois queriam ser igual,

E não têm coragem para tal.

Ela é aquela que os meninos desejam, coitados – ela nem os vê. Ela só quer dançar e beber e delirar. Sim, “ela dorme com um drink na mão”. Sim, ela é estranha. E livre livre livre. Ela lê muito e pouco se importa. Ela gosta de música e não liga pra ninguém.

Ela é em si,

Pra si,

E pra mais ninguém.

Ela roda e rodopia pelas ruas vazias. Seu coração está vazio e ela é feliz. Ela não tem medo de sentir prazer, e sexo faz com maestria. Ela é uma criança em corpo de mulher. Ela é uma deusa com carinha de criança. Ela gosta de provocar e de partir corações. Ela é menina-moleca e sapeca. Ela é mulher fatal. Ela é um pouco de tudo. E ela tem o que eles querem.

Ela sai por aí,

Fazendo o que quiser,

E imaginando o que puder.

Ela pode tudo. E faz. De novo e de novo e de novo. De todas as formas. Ela vibra, treme, chora, grita, ri. Ela é. Ela grita, xinga e diz palavrão. Ela beija, lambe e chupa. Ela tem os olhos profundos. Ela tem a vagina profunda. Ela gosta de andar na chuva e pular nas poças d’água. Ela é uma típica menina pós-moderna. E ela não ama. Ela vive feliz a sua vida de Cinderela despedaçada, à espera de um príncipe que nunca virá.

Ela é o desespero.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

(Des)Considerações

Nós temos esta concepção. Essa clareza de conceitos tão maior que as pessoas comuns.

É aquela coisa de “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”, saca? Será que há algo que (realmente) valha a pena cativar?

É cansativo. Dor de estômago constante. Dor de cabeça permanente. É muito clichê dizer: dor na alma e no coração. Hoje em dia nossa alma está vendida, e nosso coração está marcado a ferro e fogo pela luxúria.

Velhos sonhos, com molduras bonitas, espalhados pelas paredes, juntando poeira.

Não consegui te segurar. Caiu. Te vi ali, no chão. Pareceu-me tão distante. E não quis te trazer de volta. Pra quê? Era só sofrimento. Pra mim e pra ti. Tu parecia tão... em paz. Tão serena. Longe de mim.

“Eu te amo!” “Eu também te amo!”

E quando eu converso com Caio, ele me diz que não é nada de mais: “Tudo bode.” Mas eu sei que é.

Eu sou muito intenso, portanto viverei pouco.

Sabe, há todas estas percepções pseudo-disformes. Tudo isto que tenta nos levar à algum lugar que... simplesmente... não existe. “O tal de inconsciente coletivo...

É. Eu me repito e eu me perco. Eternamente. Acho que o dia em que eu me encontrar, estarei perdido.

O cheiro podre de cérebros se decompondo em cabeças vazias.

O vazio.

Eu: me derretendo por dentro.

Ou para usar a minha própria linguagem, essa de gente que vive amontoada entre outras gentes, mesmo quando se retira, porque a vida incha lá fora, invadindo as janelas fechadas, sobreviventes de uma série descolorida de fracassos iguais e mesmas tentativas, idênticas queixas, esperas inúteis, magoas inconfessáveis de tão miúdas.

“Tá tudo rodando rodando rodando.”

E eu aqui: sentado na cama vazia dela, sentindo o cheiro dela, com o gosto amargo do café muito forte que ela faz, coisa lá da terra dela, e eu aqui ouvindo a chuva. Lendo coisas mundanas ao lado de uma deusa egípcia e de uma fada celta. Toda esta mística. O cheiro de incenso sobrepondo-se ao cheiro do nosso sexo. Como um pedaço de chocolate. O doce contra o amargo. Ouço cantos de pássaros lá fora. Desejo morrer.

Tudo é inspiração. Tudo o que é realidade. Todas as coisas do “mundo da vida”. Tudo pode ser transformado em arte. Mas tudo depende da visão do artista. Se ele só vê coisas más, sua arte será desesperadora.

Os artistas deveriam ser educados à só verem coisas boas. Domesticação da percepção.

Se uma gota Divina cai na Terra, o que nós fazemos é apreciá-la e consumi-la até o fim. É isso o que nós somos.

A traição é um momento de reflexão: Deve-se continuar?

São tantos os questionamentos que fazemos a respeito de nós mesmos.

A palavra “se” não exprime possibilidade. Exprime apenas algo que não existe. Ou seja, “se” representa a não-realidade. “Se” é um modo de fuga. E fugir é o que todos queremos. Fugir de alguma situação, fugir de alguém, fugir das nossas vidas, fugir de nós mesmos.

O que eu represento?

Tentativas.

O que é a luz na escuridão? Por que este conceito de que o escuro é mau? Por que esta série infindável de perguntas sem respostas?

Sabe, eu acho, simplesmente, quê.

There is no shortcut for happiness.

Desenho corações pelo seu corpo. Procuro o meu coração perdido.

Isso faz algum sentido pra você?

Os lençóis sujos estão jogados em um canto do quarto. Bebo um copo de água limpa para me purificar. Sinto o gosto acético do cloro. Aquela purificação que não é espiritual, mas sordidamente higienizada. O cobertor, com traços que se cruzam perpendicularmente, lembra-me as grades de uma prisão. Grades coloridas, é verdade. Mas ainda assim: grades. O cachorro de pelúcia olha-me com olhos vazios, e eu olho para ele: vazio. Ambos, nós dois, o cachorro e eu: nos olhamos. Ambos: vazios.

Saio.

Andar pelas ruas de madrugada é saudável. Sentir o ar da noite... diminui a vontade de gritar. Caio me dizia outro dia que também tinha esta vontade de gritar. Sempre. Assim como eu.

Os barulhos das madrugadas desertas nos amedrontam e nos distraem. E.

Quando olho para ela deitada assim: tão indefesa. tão impotente. tão incapaz de fazer mal. tão incapaz de me fazer sofrer. tão incapaz de trazer toda essa dor. eu quase tenho vontade de.

Parece que faz anos que não choro.

Chorar alivia o peso da alma.

Minha alma é tão pesada.

Tudo isto pode não significar nada. Mas eu creio que há uma significação implícita, maior, como se a resolução deste enigma universal que aflige todas as almas estivesse contida em uma gota de orvalho. Em todas as gotas de orvalho. Em nós mesmos. Na ponta da minha caneta.

Somos bárbaros. Todos nós. Não há música Divina que possa elevar nossas almas a ponto de serem salvas. Não temos ouvidos para tais melodias. Assim como não temos intelecto para a paz nem coração para o bem. O mal da humanidade são os seres humanos. Eu e você incluídos nestes.

Você entende que tudo isto é inútil? Por mais que consigamos compreender a nossa consciência original, jamais conseguiremos fugir a ela.

Por que o ser humano não é melhor? Porque não é da sua natureza ser melhor. Se fossemos melhores, não seriamos humanos. O que nos humaniza são justamente as nossas fraquezas de instinto e as nossas maldades de sentimento.

Ser humano: animal, bicho. Movido pelo instinto. Controlado por necessidades naturais. Mente perversa. Intelecto maligno. Egocêntrico. Sentimentos inconstantes. Mau, por condição básica de existência.

Tudo bem, o mundo não está perdido. Nós sempre fomos assim, e construímos civilizações milenares. Tudo é apenas constatação. As pessoas têm defeitos (muitos e graves), pois é da nossa natureza. E a humanidade continuará existindo em perfeito desequilíbrio.

O caos.

Não adianta (tentar) fugir. Não há para onde fugir.

Eu sei que vai doer, mas eu preciso dizer: é impossível fugir de si mesmo. O seu duplo sempre o encontrará.

– Você venceu e eu me rendo. Todavia, doravante você também estará morto – morto para o Mundo, morto para os Céus e morto para a Esperança! Era em mim que você existia – e, na minha morte, veja por esta imagem, que também é a sua, quão completamente você assassinou a si mesmo

Há várias noites que não durmo, nem sonho, nem permaneço acordado: para onde vou?

A cada piscar de olhos uma nova frase me atormenta.

Vive-se em busca de libertação. Mas vive-se com medo da morte. Embora todos saibam que a morte é a libertação.

As pessoas vivem com medo de libertarem-se!

Não há nada mais cômodo que continuar. Qualquer um pode continuar. É só seguir em frente. Não é preciso pensar. Não é preciso sentir. É só continuar, buscando uma libertação que nunca virá, e temendo a morte que sempre é certa.

“Eu quero correr na beira da praia com um cachorro peludo e babão!”

...e eu dizia que no meu túmulo queria um anjo desmunhecado...

A insônia: é simplesmente um mal: que aflige os desesperados: e desespera os aflitos.

“Não há nada mais chato que pseudo-existencialismo.”

Eu fui tocado por um anjo de fogo que me disse: “a salvação pertence apenas àqueles que aceitarem a loucura escorrendo em suas veias.

Tenho as mãos pequenas, com as juntas grossas e os dedos pintados de tinta. O que eu significo?

Ninguém se importa com o que eu tenho a dizer. E o que eu tenho a dizer não se importa com ninguém.

I just want to sleep. Forever.

A frustração nos torna canalhas. Ela acaba com a noção de caráter.

Eu olhei nos olhos do diabo e vi.

Uma taça de sangue. Bem vermelho. Bem vivo. Bem morto.

Nós não vivemos em contos de fadas: as pessoas traem. Não porque querem magoar as outras, mas porque, simplesmente, acontece. Sem premeditações mirabolantes, sem intenções maléficas. Simplesmente: bate o olho e trai. Às vezes por burrice, às vezes por impulso, às vezes por coisa nenhuma. Às vezes por simples falta de.

Carinho amor afeição sexo algo-mais.

O querer é um deus maligno que nos manipula à seu bel-prazer.

Sinto um vazio existencial. E não é fome.

Buscando em qualquer lugar um resquício de. O que era. E não é mais. Ou é, e apenas tenta disfarçar-se com sorrisos bobos e alegrias bonitas. Disfarce. “no fundo permanecia aquela pobre estopa desgastada

Vesti meu moletom velho e amassado. Saí para respirar o ar frio. Acho que tenho febre.

Ele é vermelho, o moletom. Cor de fogo. Cor de sangue. Cor de rubi incandescente, elevado para que a luz do sol o faça brilhar rubro.

E fica ecoando na minha mente again, again and again: “There is no shortcut to happiness.

Tenho marcas nos pulsos. Tenho esta compreensão sangrada de tudo.

Um mundo novo, cheio de possibilidades, se abre à minha frente. Um universo de novas percepções.

Os pingos de chuva correm pela janela. O vento é frio e úmido. Mas ainda sujo.

Cai uma gota de chuva no meu lábio inferior. Lambo-a. Sinto o gosto. Gosto de chuva urbana. Diferente do gosto da chuva nas montanhas, e da chuva na beira do mar. Dá até pra distinguir um leve gosto de poluição. Amargo. Como o gosto destes constantes fracassos urbanóides.

A realidade é ilusão. O mundo é pensamento.

Todos reclamam.

Áries com ascendente em Leão. É problema na certa.

Cansaço.

Fazer a vida valer a pena. A cada segundo.

O problema são estas pessoas imundas. Tenho nojo delas. Seriam dignas de pena, se pena fosse um sentimento digno. A imundície destas pessoas consiste em suas limitações. Elas são mais propriamente um conjunto de limitações do que seres humanos. E estes limites são tão baixos que não encontro uma expressão que defina melhor estas pessoas do que: imundas. Incapazes de ver o sol brilhar. Incapazes de ver a luz. Incapazes de pensar. Incapazes de possuir qualquer tipo de conhecimento significativo. E acima de tudo: cegas e surdas a quem o possui. Limitadas ao seu mundo imundo de baixezas mil, eternamente, sem chance de fuga por escolha própria. O problema são estas pessoas imundas.

Há homens que já nascem póstumos.

O mundo é um lugar embaçado. Algumas pessoas possuem uma lente em suas mentes, que lhes possibilita ver o quão miserável e degradante é a nossa realidade. Não quereis, advirto-lhes, nunca, possuir tal lente!

O que podemos fazer?

Todo caminho leva à algum lugar. E quando chegamos neste lugar, tudo o que nos espera é outro caminho. E assim é a nossa vida: uma infinita sucessão de caminhos. Alguns certos, outros errados. Mas todos válidos.

Não existe o Certo e o Errado.

Deito na minha cama e durmo: pois os sonhos sempre me dizem algo quê.

A humanidade está condenada. Só pode estar. Que propósito haveria em salvá-la? Nenhum. A humanidade simplesmente não merece ser salva.

E qual o papel dos falsos profetas?

Enganar, iludir, mentir. Fazer-nos acreditar que merecemos algo melhor. E nós não merecemos. E não teremos.

Serei eu, um falso profeta? Não.

Eu sou, simplesmente: uma pessoa horrível.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Esta é a minha vida

É essa coisa de se entregar alucinadamente aos desejos, sabe? É esta agonia de sentir. Tudo isso me parece agora tão desnecessário.

Sinto a água correr. Primeiro pelos cabelos. Depois pelo corpo todo. Lavando minha alma. Meus pecados indo embora pelo ralo em um dia de verão. A água lava os cheiros, os gostos, as lembranças. O vapor quente entorpece. Um banho para limpar-se. Para esquecer-se dos outros e de si mesmo. E ser. Apenas apreciar, em sua plenitude, o fato de existir, ali, embaixo d’água, em meio aos vapores brumosos do banheiro de azulejos beges.

Saio do banho e tomo uma xícara de café sombrio. Foi-se a pureza. A realidade violenta-me em minhas intensidades.

Ainda sinto o cheiro da pele molhada. Até quando? Logo vai se perder neste universo de artificialidades que tenho que criar para sair à rua. Só mais uma fantasia. Só mais uma máscara. Só mais um dia. E outro e outro e outro.

O telefone me agride no silêncio do quarto. Não atendo. Apenas fico ali. Imóvel. Não sendo. Um corpo vazio e oco. Apenas um objeto no meio do quarto, quebrando a harmonia do lugar. Até o telefone cessar e o silêncio me trazer de volta.

Saio. O bafo quente e sujo é como um soco na cara. Desejo desesperadamente voltar para baixo d’água, para o meu banho purificador, onde eu poderia ser. E esquecer. Não volto. Pego o ônibus. Vou à lugares. Encontros pessoas.

Volto pra casa. Não lembro de nada. Nada faz sentido. Nada tem importância. Preciso desesperadamente de um banho. Tiro minhas roupas. O sono me derruba primeiro. Durmo o sono pesado dos mortos.

Uma mão suave toca meu rosto. Um olhar doce vem ao encontro do meu, ainda atordoado pelos pesadelos dos quais não me lembro. Um beijo macio me faz dormir. Ela deita-se ao meu lado. Quem é ela?

Acordo. Já é noite. Será que hoje é sábado? Os dias têm passado tão corridos ultimamente. Vou à cozinha. Tomo um copo de água enquanto a angustiante cafeteira vomita lentamente pingos de café. Quase lembro-me de um sonho com uma leve estranha.

Preparo o café com canela e chocolate-em-pó. Pego morangos na geladeira. Sento na sala. Abro o livro que estava embaixo do controle-remoto. Tomando café-com-canela-e-chocolate-em-pó e comendo morangos, eu leio: “Tanto sangue dentro do meu derramado coração, era assim? Talvez fosse, mas não se trata disso. Lamúria insuportável, o corpo, esse que se arrasta com suas carências. Não precisa pressa, calma lá. A porteira está fechada para quem quiser passar, era isso? Já te disse que não responderei. Quero saber, e depois?

Tomo um banho. Desta vez não é místico. Só água correndo sobre o corpo. Lavando aquele monte sujo e inútil de carne e pêlos. Visto-me, perfumo-me e saio. Pela noite.

É então que encontro aquela linda menina de longos cabelos louros, vestida em sedas e cetins roxos púrpuras lilases. Ela dança suavemente enquanto entoa mantras indianos. Parece que está em transe.

Já no apartamento dela, aquela Índia perdida no meio da selva urbana, ela me diz que o sexo não deve ser selvagem. Deve ser a união do Divino que há nela com o Divino que há em mim. Deve ser sublime. Senão é coisa de bicho, de animal. Sem sentido nenhum. Só carne entrando e saindo de outra carne. Entre sedas e cetins e mantras indianos, nós unimos os nossos Divinos.

Saio de lá leve como uma pluma. Pareço estar pisando em nuvens. Cheiro à incenso e não à sexo. Sinto-me... sublime. Não me lembro, em nenhuma outra noite da minha vida, de ter dormido tão bem. Pela manhã, quando acordo, não tomo um copo de vodka e abro a janela para o sol entrar.

É incrível como os dias sempre me passaram em branco. Se eu fosse escrever um livro sobre mim, eu só me lembraria das noites. Parece até que minha vida não teve nenhum dia. Foi sempre uma sucessão de noites. Semanas, meses, anos, décadas... de noites.

O último dia de que me lembro, foi aquele em quê.

O pote de sorvete derretido. A xícara de café frio. Estrelas no céu. Sometimes I feel so happy Sometimes I feel so sadSaudades no coração. Dor de cabeça na mente turva e confusa.

Sabe, eu preciso de uma razão. Pra viver. Pra ser alguém diferente de quem eu sou. Pra vestir outra fantasia e sair à rua de novo. Pra vestir outra máscara-e-óculos-escuros e sair ao sol de novo.

É impossível ser feliz. É impossível ser livre. É impossível ser algo diferente disto tudo quê.

Ando ando ando e não sou atropelado. Às 5 da madrugada não há balas perdidas. Um gato preto cruza o meu caminho, como um sinal divino, abençoando a minha existência escura.

Tudo piração, tudo bode, saca? “O tal de inconsciente coletivo...

Amanhã não vai ser diferente. Todos os dias – ou noites – são sempre uma sucessão de coisas diferentes que ao final acabam no mesmo lugar. “A ordem dos fatores não altera o produto.” E os fatores são sempre os mesmos.

Bebo o sorvete derretido com o café frio.

All you need is love, gin and tonic.”, vejo escrito em algum lugar. Compro um gim com tônica. Na falta de amor, pago por um pouco de sexo.

A vida é um eterno círculo vicioso. Alguns vícios são bons. Outros são meus.

Vomito o sorvete frio e o café derretido.

I’ll be your mirror Reflect what you are in case you don’t know I’ll be the wind, the rain and the sunset The light on your door to show that you are home

Já cansei de fugir. Já cansei de tentar tudo de novo outra vez.

Pego a garrafa de vodka escondida atrás da lata de biscoitos. Saio e compro bolinhas brancas. Vejo bolinhas coloridas. Vejo cores na chuva. Vejo arco-íris nas poças de lama. O s carros passam e me molham, mas eu continuo quente e ardido. Caio na calçada. Deito e durmo. Alguém me leva pra casa e fecha as cortinas para o sol quase não me acordar. “Thank you, my friend.”

Sei lá pra que tudo isso. Não importa mesmo.

Mais dias em branco. Mais noites de caos. “Tudo isso tem que ter um sentido!”, eu penso.

Dançar dançar dançar. O mundo sem música não tem graça.


E digo mil vezes: não

Quero tudo isso de novo e

De novo e de novo! Não

Quero escrever. Não

Quero beber. Não

Quero sair. Não

Quero dormir. Não

Quero dançar. Não

Quero amar. Não

Quero viver.

Tudo o que eu quero é ser:

O que eu não sou.

Ou morrer:

Pela vida que sempre quis ter,

E que nem mais consigo ver.


Então eu pinto o que ninguém consegue ver de preto, e saio. Sigo adiante, sempre em frente, direto para onde não quero ir.

E daí vem todo mundo me perguntar “Pô, cadê a tua espiritualidade?”, e dizer “Deus salva, Deus salva!”, e eu digo: Estou muito bem aqui.

Eu cheguei a uma conclusão: eu sou um conjunto de exageros. Um conjunto de intensidades por demais intensas para conseguirem formar uma harmonia.

Mas se o exagero é pura comparação: o que sou eu? Não quem. O quê?

Sinto como se quase soubesse quê.

Eu poderia ser um bilhão de coisas, mas não poderia ser quem eu sou. Não deveria, ao menos.

Como é que uma pessoa pode ser?

Sabe, ser é só um conceito. Na verdade, tudo são apenas conceitos. A realidade não existe.

Certo e errado. Bem e mal. Céu e inferno. É tudo ilusão.

Nossas mentes pervertidas e desvirtuadas precisam de uma certa ordenação lógica para que possamos fingir não ser apenas animais estúpidos e degenerados.

E isto: animais estúpidos e degenerados: isto somos nós: todos nós.

A culpa é anti-natural.

Eu não sinto culpa por nada. Pelo menos, não deveria.

Medo é instinto. Medo é sobrevivência. Medo é a realidade nos dando um soco na cara.

O medo é assustadoramente real. Tanto, que dá medo.

O amor eu não sei: eu só ouço falar.

As dores são psicológicas.

Psicologias fracas têm mais dores. Psicologias insensíveis também.

Quem foi o idiota que convencionou que ser insensível é ruim?

Pessoas que têm muitas dores são pessoas que possuem um excesso em comum: a falta. Lhes falta tudo: principalmente elas mesmas. E os outros. A partir daí o mundo desaba. Geralmente estas pessoas acabam por suicidarem-se. “Love is a battlefield.” Or a butterfly. Or... something like... the death.

Saí pela noite em busca de. Não há nada de realmente importante, ou interessante, a ser buscado durante o dia.

Na noite está o caos: no caos estão todas as respostas. A questão é: quais são as minhas perguntas?

Eu deveria estar fazendo.

Por que tudo acaba sempre em uma eterna sucessão de “por quês”?

Corro desesperadamente em meio à chuva da noite sem estrelas.

Desespero.

É o sentimento elementar.

É o que move o mundo.

Me desespero. Me movo. Eu sou o mundo. E “Eu saúdo o Divino que há em mim.” Mas já é tarde demais. Eu estou perdido. O mundo está perdido. O desespero absoluto seria o caos completo. E é no caos que estão todas as respostas. E assim eu renasço.

Levanto. Escovo os dentes. Tomo banho. Visto uma fantasia. Visto uma máscara. Coloco os óculos escuros. Saio para o mundo. Esperando não despertar de novo. Ou.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Considerações

"nada de café: o café nos torna sombrios." Frase de Friedrich Nietzsche. Em alguma coisa eu teria que discordar dele, não é? Bem, na verdade eu não discordo, apenas aceito este aspecto "sombrio" que o café nos dá. A cafeína é a minha droga. Quase tanto quanto a literatura.

Eu preciso viajar. Me exilar. Fugir do mundo conhecido para me encontrar. De novo. Incrível a facilidade que eu tenho em me perder de mim mesmo. Eu preciso viajar.

Por que as pessoas tem tanto medo de cemitérios? São só pedras frias e flores murchas. No máximo, é um lugar de libertação. "Vamos cremá-lo e espalhar suas cinzas pelo mundo!"

Ponto final. Apesar de não acabar nunca...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Tudo.

Eu simplesmente acho que é inútil tudo isso. Não. Não serve pra nada. Este querer ser. Todas estas agonias e angústias. Todo este imediatismo. “Eu quero ir embora: Agora!” De que me serve isto? Tudo para acabar como qualquer outro que tentou e não conseguiu. Eterna frustração. Again, again and again. Não importa. Não mais. Acho que na verdade nunca importou. Queria que importasse: “Nossa, se eu fizer isto eu vou virar aquilo, já pensou?” Sabe, tudo isso é... ilusão. Pura e simples. E falsa. De que me serve tudo isso? Se a minha loucura me impede de ter uma vida razoavelmente aceitável. E eu digo de novo e de novo e de novo: Eu quero! Pra que? Pra isto? Não faz sentido nenhum. Não mais... ou faz? O que eu perdi? O que eu ganhei? O que permaneceu? Algo de valor? Sabe, isso tudo é muito confuso, e embora todas as respostas estejam no caos, as vezes é difícil encontrá-las. Quase impossível... Mas daí eu paro e penso: só o que eu tenho feito na minha vida é parar e pensar. E agora? Não há ninguém para culpar. Não culpo nem a mim mesmo, como fiz outrora. Já carrego tantas culpas. Algumas desnecessárias. Mas as pessoas são assim. E mesmo sendo tão diferente delas, sempre encontro alguma coisa em quê. Talvez seja fatalismo. Talvez comodismo. Talvez um monte de ismos que não servem pra nada. Mas eu continuo. De uma forma ou de outra. Vou ler. Vou escrever. Vou ouvir aquela música tão bonita e tão triste. E o que é que ficou? Valeu a pena? Perguntas difíceis de se responder... Acho que sempre fica alguma coisa. Às vezes alguma coisa importante. Nem sempre vale a pena. Mas a gente aprende com os erros. Pelo menos é o que dizem. Ou a gente repete os erros e daí a gente aprende. Ou não. Tá tudo tão diferente. Este dia de sol tão triste como um dia chuvoso. Não tenho mais nada que valha a pena dizer. O que tiver que ser, será. Eu só espero quê.

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Obrigado a quem leu.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

teste.

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