quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Eu gosto muito de você

Bem, uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. E se uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, qual é a coisa que realmente importa? Ok, eu sei que você não deve estar compreendendo o que eu digo. Tentemos de outra forma. Se eu gosto de você é uma coisa. Gostar pode desdobrar-se em várias formas, e geralmente acaba na amizade. Mas se eu digo "eu gosto muito de você", ressaltando todos os aspectos positivos e mágicos que tu tens, e que só tu tens, bem, aí o gostar não é mais o gostar, é uma outra coisa, saca? Não? Tá difícil ainda? Bem, tentemos de outra maneira. Não vou falar de amor porque o amor não existe. Amor é hipocrisia. Mas pode ser paixão. E quando se junta a paixão à amizade, se tem uma coisa legal. Todo aquele desespero da paixão aliado à toda aquela confiança da amizade. É de coisas assim que nasce aquilo que as pessoas chamam de mágica. Sozinhos somos perturbados, juntos somos mágicos, saca? Sei lá. Tudo isto é apenas para dizer que eu gosto muito de você.

Um beijo.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O Amor

Eu não sei lidar com o amor. O amor me sufoca. Não aguento aquelas ânsias, aquelas necessidades. Tenho nojo do romence. As declarações melosamente constrangedoras, as manhãs com sorrisos de satisfação sexual. A obrigatoriedade de querer bem a outra pessoa. Eu não suporto nada disso. Passamos anos idealizando o amor, e quando ele vem... é só isso. Sem emoção, sem desesperos loucos, calmo e vazio. O amor vem devastador como uma onda. Mas após poucos segundos só fica a grande calmaria da indiferença. O amor é como um mal necessário. Um mal que eu não quero mais. Desisto do amor, não por sofrimento, mas por pura indiferença. As paixões são avassaladoras. Do amor, só fica o vazio.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

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Bukowski + Kafka + Morphine + Café com Vodka + Escritos Próprios + Momentos Depressivos e Existencialistas + Noite e Madrugada + Solidão Medonha = Puta que Pariu...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

17/02/2008

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Art. 1º: Bukowski me deprime e me amargura.
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Art. 2º: Dói não poder te amar de volta.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O fim da plantação de morangos

Ela estava lá. Há muito tempo. Não saberia dizer quanto. Às vezes tenho a impressão de que ela sempre esteve lá. Com seus carreiros bem definidos, com suas folhas verdes e com seus morangos vermelhos. Não me lembro de onde veio a primeira muda. Não me lembro de ver o primeiro pé crescer. Mas lembro de quando comi o primeiro morango. Rubro como sangue. Saboroso e suculento como uma paixão. Lembro exatamente do gosto do primeiro morango. Gosto que nunca se repetiu. Cada morango tem um gosto diferente. E ultimamente eles andavam tão amargos. Eu continuava comendo-os, fingindo que gostava, tentando disfarçar o gosto com vodka e cigarros. Não adiantava. As noites eram mal-dormidas, e o gosto amargo destes morangos, tão diferentes do primeiro, permanecia na minha boca. Então tomei a decisão. Levantei-me no meio da noite. Várias garrafas de vodka deperdiçadas. E um cigarro. Ardia. No meio da noite os morangos ardiam. Não demorou muito para as chamas devorarem a plantação, e a noite voltar à sua calmaria escura. Eu voltei para a cama. Mas não consegui dormir. Não havia mais morangos, mas o seu gosto permanecia na minha boca. Foi então que eu percebi: o gosto de morangos não vinha da plantação que eu queimara, mas da plantação que havia dentro de mim.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Eu vivo em um conto de Caio Fernando Abreu

A noite escura. O cigarro no cinzeiro. Embriagado novamente. Cervejas, vinhos baratos, vodkas. Decepções. A maioria comigo mesmo. E angústias. A maioria por não poder fazer o que quero. E o que eu quero? Na verdade, eu nunca soube. Sempre fui tateado no escuro entre meus desejos e ânsias, escolhendo objetos e sentimentos mal-definidos, meio bêbado e meio louco. E sem escolha. Sem poder ser nada além disso que sou. Sem poder ser outra pessoa, mesmo não querendo. Mais uma noite de sofrimentos e lembranças. Eu tento superar. Eu juro que tento. Passo meses sem fumar. Passo meses sem beber. Finjo que esqueço as transas alcoólicas nos bares infectos. Finjo ser bom. E tento acreditar. Tento mentir para mim mesmo. Mas nunca fui muito bom nisso. E a verdade cai como uma bigorna na minha cabeça. A realidade dura, crua e sofrida pesa-me nas costas como um piano. E aí o sorriso fingido, a alegria forçada, as mentiras e a falsa felicidade vão embora entre lágrimas, noites, bares, drinks e cigarros. Volto ao ponto de partida. De novo e de novo e de novo. Eternamente vivendo em um conto de Caio Fernando Abreu. "batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, na mesma porta que não abre nunca."

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Eterno Amor

Abraça-a. Forte. Fundo. A procura daquele amor perdido. Busca nos cheiros, nos gostos, vasculha os lugares mais secretos do corpo dela. E não encontra. Nunca mais. Foi embora. Agora é só um corpo de mulher cheirando a sexo e exaustão, deitado ao seu lado. Aquele amor arrebatador de horas atrás foi-se embora. Foi para junto de todos os outros que não estão mais. Deixou de existir. Deixaram de existir. Se é que um dia existiram. Os amores. O amor. Ficou só uma dor seca e amarga, que quase dá vontade de.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Desabafo II

Mil crises na mente. Este tédio tão absoluto e esta escuridão que me envolve por todos os lados. Só mais um dia, só mais uma noite, só mais uma semana, só mais um mês, só mais um ano, só mais uma vida. Em vão. Tudo em vão. De novo e de novo e de novo. Sento. Deito. Tento dormir. Leio. Escrevo. Durmo. Acordo. Mato tempo. Procuro distrações. Não há nada que me chame a atenção. Nada que me entretenha. O tédio é tão absoluto que embaça até os pensamentos. Fico aqui, nesta espécie de "sonhando acordado", pescando fragmentos de pensamentos, meio dormindo, meio morrendo. Ouço mil coisas, vejo mil coisas, nada me serve de nada. Saio. Dou uma volta. Tento qualquer coisa quê. Não adianta. Deitado aqui, eu me dou conta: tudo sempre foi assim, tudo sempre vai ser assim. Eterno círculo vicioso. E que Deus me salve de mim mesmo. Amém.