quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Eu vivo em um conto de Caio Fernando Abreu
A noite escura. O cigarro no cinzeiro. Embriagado novamente. Cervejas, vinhos baratos, vodkas. Decepções. A maioria comigo mesmo. E angústias. A maioria por não poder fazer o que quero. E o que eu quero? Na verdade, eu nunca soube. Sempre fui tateado no escuro entre meus desejos e ânsias, escolhendo objetos e sentimentos mal-definidos, meio bêbado e meio louco. E sem escolha. Sem poder ser nada além disso que sou. Sem poder ser outra pessoa, mesmo não querendo. Mais uma noite de sofrimentos e lembranças. Eu tento superar. Eu juro que tento. Passo meses sem fumar. Passo meses sem beber. Finjo que esqueço as transas alcoólicas nos bares infectos. Finjo ser bom. E tento acreditar. Tento mentir para mim mesmo. Mas nunca fui muito bom nisso. E a verdade cai como uma bigorna na minha cabeça. A realidade dura, crua e sofrida pesa-me nas costas como um piano. E aí o sorriso fingido, a alegria forçada, as mentiras e a falsa felicidade vão embora entre lágrimas, noites, bares, drinks e cigarros. Volto ao ponto de partida. De novo e de novo e de novo. Eternamente vivendo em um conto de Caio Fernando Abreu. "batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, na mesma porta que não abre nunca."
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Um comentário:
mentir pra si mesmo é uma péssima idéia, não obstante é uma arte.
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