domingo, 24 de maio de 2009

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De que adianta jogar-te verdades na cara, se elas secam como lágrimas ao sol?

Não!

Deitado aqui, nesse chão maldito e frio, eu penso nas tuas palavras; como sempre, nas tuas palavras. Pulso imobilizado, bêbado de vinho e cerveja, as palavras de Hermann Hesse ressoando na cabeça; mas sobretudo as tuas palavras, sempre tão exatas, sempre tão minhas. Te compreendo e não te compreendo, no mesmo instante, no mesmo segundo, com a cabeça turva e um blues ao fundo, no chão sujo e com os cabelos na cara, te compreendo e não te compreendo. Não; na verdade te compreendo, mas não aceito; não vindo de ti, não de ti: sempre minha força, minha luz quando todo o resto era escuridão, inclusive meu coração e minha alma. Não aceito a tua desistência, portanto levanta a cabeça e luta!

(Escrito com lágrimas nos olhos.)

terça-feira, 19 de maio de 2009

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Senti falta disso aqui...

Desconhecida

Tu nunca te interessaste por uma mulher completamente desconhecida? Ah, então tu não entendes a mágica que é isso. É muito fácil te interessares por alguém que conheces, que gostas, que convive contigo diariamente. Mas a mágica de te interessares por uma pessoa que te é completamente estranha reside justamente na possibilidade de poder desvendá-la, alguém inteiramente novo. Talvez, ao final, tuas expectativas não sejam correspondidas, mas tudo já terá valido apenas pelo processo de descoberta dela em si, outra mulher, outra pessoa, que agora é tua – talvez não no corpo e no coração, mas sempre na mente e na alma.

Momento Caio F.

O que eles deixaram foram estes três postulados: importante é a luz, mesmo quando consome; a cinza é mais digna que a matéria intacta e a salvação pertence apenas àqueles que aceitarem a loucura escorrendo em suas veias.

Fernanda (da série "Memórias de Antes de Tudo Acontecer")

A história de Fernanda não é uma história trágica como a de Beatriz, a estrelete. Trágica talvez, só para mim. Fernanda que me amou e a quem eu amei. Amei quando ainda tinha a capacidade de amar. Amar é uma faculdade do espírito, que às vezes se perde no meio do caminho. A minha se perdeu depois de Fernanda, e depois de tantas outras mulheres que passaram pela minha vida. Quanto a mim e Fernanda, nos perdemos um do outro pelo caminho. O destino não quis, de alguma forma misteriosa e sublime. Um espírito maligno soprou-lhe no delicado ouvido o desejo de se ver livre de mim, e ela atendeu com devoção; imersa na dúvida, mas com o ímpeto furioso de sempre. Mulher do signo de Áries. Elemento fogo. Indomável. No fim, a função essencial do fogo é a destruição, fazer com que tudo arda até só restarem cinzas. “A cinza é mais digna que a matéria intacta.” E nós destruímos um ao outro, nos devoramos em chamas. De mim, só restaram cinzas; dela, nada sei. Perdemo-nos um do outro. O destino não quis. “O destino desfolhou.” O fogo ardeu. Foi demais pra ela. Foi demais pra nós. O fogo. O amor.

Contornos

Eu odeio um monte de coisas sobre as pessoas e a vida. Na verdade eu não odeio, apenas estou cansado. De tudo. De todos. É como uma roda gigante que gira gira gira sempre no mesmo lugar. Estou cansado de ver as mesmas paisagens. Quero algo novo, fresco, diferente. Multidões me desconcentram. Elas não têm glamour nenhum. Só uma massa disforme de pessoas cinza e coloridas, tudo ao mesmo tempo e agora. É agoniante. Elas estão agonizantes. E eu não sinto vontade nenhuma de ajudá-las. Elas não se ajudam. Às vezes acho que eu não pertenço a esse mundo. Quase sempre, aliás. Toda vez que eu saio à rua e vejo pessoas. Pessoas tão diferentes de mim. Eu tão diferente delas, de todo o resto, fora do mundo. É tão interessante observar as pessoas. São como formigas em um formigueiro. Ninguém sabe exatamente o que está fazendo, mas todas sabem que precisam fazer aquilo. Chega a ser hilário. Mas na verdade é deprimente. Nunca fui bom em crítica social. Não gosto disso. Sou egocêntrico. Só o que me interessa sou eu mesmo. As pessoas que se fodam, o mundo que se foda. Não me interessa, nada me interessa, ninguém me interessa, eu só quero paz – não para o mundo, para mim.

Revelação

A vida se move, pulsa ao meu redor, e eu assisto a tudo como se estivesse fora do mundo. As pessoas, suas vidas, o cotidiano, tudo. Assisto de fora. E o que vejo? Miséria. Não física, não econômica; miséria intelectual, miséria de espírito. As pessoas estão espiritualmente miseráveis. Suas almas estão gastas e cansadas. Perderam a cor, perderam a força, perderam os desejos. Almas desbotadas são o que vejo por aí todos os dias nas ruas. Roupas coloridas, sorrisos, pessoas falando alto. Tudo disfarce. Tudo ilusão. Elas tentam enganar a todos, mas principalmente a si mesmas. Tudo ilusão. Besteira. Bobagem. O que eu vejo? Merda. Uma desorganização sem sentido. Caos. Casualidade. Coincidências. Nenhum sentido oculto, nenhum propósito maior. Apenas vida e morte brigando como dois cães numa rinha. Apenas o acaso. Nenhum deus acima de nós regendo os nossos destinos, nenhum anjo a nos proteger, nenhum demônio a nos tentar – a não ser os nossos pequenos (grandes) demônios interiores. Tudo ilusão. Só o que vejo… é nada.

Eterno Retorno

Cigarros & vinho. O gosto amargo e acre da decadência em uma madrugada fria e solitária. Já perdi a conta de quantas vezes essa cena já se repetiu. Já estou cansado de falar de ciclos, temática viciada, mas as coisas não seguem em frente, apenas rodam e rodam e rodam sem fim.

Detesto o gosto do cigarro. O vinho tenta aplacar, mas não consegue completamente. Decadência pura. Gosto de derrota. Ângela canta ao fundo na madrugada fria, “tola foi você / por me abandonar / eu que tinha tanto amor a dar”, mas fui sempre eu que as abandonei, não tenho direito ou coragem de reclamar da solidão.

Vento frio na noite estrelada. Outono. Escrevo no escuro. Tentativas. Buscando alguma nobreza perdida, com o cigarro quase a queimar-me os dedos. Afastando amigos e amores, cada vez mais como um velho lobo solitário de 21 longos anos. Cada vez mais. Às vezes acho que eu não sei amar. Às vezes acho que não quero. Eu sou uma incógnita pra mim mesmo. Será que alguém será capaz de me explicar? De chegar pra mim e dizer, “olha, isso é tudo ilusão, ouro dos tolos, na verdade tu é assim e assado, igual a todo mundo.”? Bobagem, eu sei.

Tinha impressão de que eu havia mudado de ciclo, mas vejo que ainda estou muito preso ao ciclo anterior. Amarguras na mente e na alma. Os mesmos hábitos, as mesmas pessoas, os mesmos vícios. Os mesmos lugares. As mesmas fugas frustradas… tudo uma merda.

Tudo inútil. Tudo ilusão. Desesperos forçados. Escuridão eterna. Tentativas. Meu vocabulário está tão viciado quanto a minha vida. Um em conseqüência do outro, e vice-versa.

Tudo uma merda.

Ilusão.

“Escolhas sem escolha.”

Buscando um fim que não existe.

Uma evolução.

Um amor.

Um amor…

rascunho/esboço/tentativa

Eu gosto de riscar palavras sobre o papel. Relaxa-me, me acalma. Sem reforma ortográfica, sem “função social”. “Auto-exorcismo” mesmo, como já dizia o Caio. E as cartas, as cartas que escrevo para poucas e importantes pessoas, as cartas que me fazem tão bem. A minha vida nas folhas de papel. Lindíssimo. Não estou inspirado hoje. Leio Machado e sinto vontade de escrever, mas a inspiração não vem. Acho que é porque não está acontecendo nada na minha vida. Tédio, monotonia… nada. Várias perspectivas que se delineiam e se esboroam a seu bel-prazer. Nada de útil, nada efetivo, nada sinceramente verdadeiro. Uns delírios, umas emoções exageradas… e a secura. Na boca, no coração. Sentimentos áridos, pensamentos escassos. Falta chuva dentro de mim. Sinto-me como um nordestino no sertão. O sol castigando a ponto de não deixar perceber mais nada. Macabéa. Vazio. Burrice. Cego aos sentimentos. Surdo aos pensamentos. Antigamente costumava enxergar só para dentro – sempre alienado –, agora nem isso. Forçando textos fracos. Tudo falsidade, tudo agonia. Agonia de viver. Agonia de morrer. Falsidade. Falsidade…

Momento de Transição

Não, eu não mudei. Talvez tenha mudado, mas foi uma mudança imperceptível aos olhos de todos que não eu mesmo. Muitos dirão que eu não quero crescer, Síndrome de Peter Pan. Outros dirão que eu quero simplesmente ser do contra. Digo que já cresci muito nessas buscas individuais, embora talvez ninguém perceba. E já faz tempo que eu deixei de ser “do contra”. Na verdade eu nunca tive paciência para essas contrariedades fortes. Ser polêmico. Sustentar opiniões. Discutir. O que me move hoje é a descrença. Como? Por quê? Pra quê? Ainda não tenho condições de responder a estas perguntas. Estou em um momento de transição, abandonando um antigo ciclo e esperando que outro se inicie. Não tenho nenhuma resposta clara – nem sobre mim mesmo, nem sobre o mundo – no momento. Espero muitas coisas, mas a verdade é que nesse caos que sou eu, não sei direito o que esperar. Tenho vislumbres de esperanças, que não são exatamente esperanças, são coisas que eu quero pra mim – eu, sempre leonino egocêntrico, sempre querendo tudo pra mim –, mas mesmo essas esperanças, esses quereres, são difusos e nebulosos, ainda não se apresentam em contornos definidos. Escrevo uma carta de milhares de páginas para a única pessoa que poderá entender. Provavelmente não adiantará de nada. O “se importar” possui inúmeros níveis, e as minhas exigências são sempre altas demais. O egocentrismo que nem 10.000 ciclos irão extinguir. Não tenho um propósito, um objetivo, um fundamento para estar escrevendo isto. Apenas tento me encontrar. Tento aglutinar pedaços desconhecidos de mim que vão surgindo, e assim reconstruir o meu ser. Esta eterna reconstrução que também pode ser considerada um ciclo – e o é, de fato. Mas eu percebo claramente a definição dos meus ciclos que se encerram. Janeiro/2005 – Julho/2006. Três semestres que eu poderia chamar de “O Ciclo do Horror”. Agosto/2006 – Fevereiro/2009. Cinco semestres de um ciclo recém encerrado, que ainda não consigo denominar. Tudo foi válido. Eu aprendi com cada dor, com cada cicatriz. Com cada experiência intensa. E nesse ciclo caótico – “O Ciclo do Caos” – um dos maiores aprendizados foi com uma ausência. Eu, que tive tantas presenças importantes. Talvez justamente por isso. Sei lá. O fato é que eu espero uma vida nova daqui pra frente. Não tenho a mínima idéia de como ela deverá ser. Ainda tenho muitas ânsias & angústias. Mais ânsias do que angústias. Já aprendi a lidar com as minhas angústias, eu diria que elas estão em processo de extinção. Mas as ânsias só vêm aumentando. Já a descrença e o ceticismo parecem ter entrado em equilíbrio. Quanto a mim, espero. Não sei exatamente pelo quê. Por um novo ciclo que está por se iniciar. Por algo mais. Me permito novamente ter uma esperança mal-definida e disforme – e isso já é uma evolução, acreditem. Eu sempre quis fazer a diferença no mundo, na vida, para alguém. Não sei se isso ainda faz algum sentido. Parece que sim. Provavelmente o que de mais importante eu carrego do ciclo passado é uma ausência que acabou por se tornar a pessoa mais presente na minha vida. O futuro é incerto, mas já é um começo.

“Não mais um rosto inchado de mágoa, não mais muros, não mais máscaras: Minha face limpa, e um sorriso apenas.”

E eu só fui entender agora.

A Volta

Após um período de experimentação no wordpress, eu cheguei à conclusão que o detesto, na mesma proporção em que ele me detesta. Devido a esta incompatibilidade – e também por uma questão de nostalgia, afinal há muitos momentos bonitos aqui, que mesmo o meu coração de pedra titubeia em abandonar –, eu decidi ressucitar este blog. Coffee & Strawberry forever.