terça-feira, 19 de maio de 2009

Momento de Transição

Não, eu não mudei. Talvez tenha mudado, mas foi uma mudança imperceptível aos olhos de todos que não eu mesmo. Muitos dirão que eu não quero crescer, Síndrome de Peter Pan. Outros dirão que eu quero simplesmente ser do contra. Digo que já cresci muito nessas buscas individuais, embora talvez ninguém perceba. E já faz tempo que eu deixei de ser “do contra”. Na verdade eu nunca tive paciência para essas contrariedades fortes. Ser polêmico. Sustentar opiniões. Discutir. O que me move hoje é a descrença. Como? Por quê? Pra quê? Ainda não tenho condições de responder a estas perguntas. Estou em um momento de transição, abandonando um antigo ciclo e esperando que outro se inicie. Não tenho nenhuma resposta clara – nem sobre mim mesmo, nem sobre o mundo – no momento. Espero muitas coisas, mas a verdade é que nesse caos que sou eu, não sei direito o que esperar. Tenho vislumbres de esperanças, que não são exatamente esperanças, são coisas que eu quero pra mim – eu, sempre leonino egocêntrico, sempre querendo tudo pra mim –, mas mesmo essas esperanças, esses quereres, são difusos e nebulosos, ainda não se apresentam em contornos definidos. Escrevo uma carta de milhares de páginas para a única pessoa que poderá entender. Provavelmente não adiantará de nada. O “se importar” possui inúmeros níveis, e as minhas exigências são sempre altas demais. O egocentrismo que nem 10.000 ciclos irão extinguir. Não tenho um propósito, um objetivo, um fundamento para estar escrevendo isto. Apenas tento me encontrar. Tento aglutinar pedaços desconhecidos de mim que vão surgindo, e assim reconstruir o meu ser. Esta eterna reconstrução que também pode ser considerada um ciclo – e o é, de fato. Mas eu percebo claramente a definição dos meus ciclos que se encerram. Janeiro/2005 – Julho/2006. Três semestres que eu poderia chamar de “O Ciclo do Horror”. Agosto/2006 – Fevereiro/2009. Cinco semestres de um ciclo recém encerrado, que ainda não consigo denominar. Tudo foi válido. Eu aprendi com cada dor, com cada cicatriz. Com cada experiência intensa. E nesse ciclo caótico – “O Ciclo do Caos” – um dos maiores aprendizados foi com uma ausência. Eu, que tive tantas presenças importantes. Talvez justamente por isso. Sei lá. O fato é que eu espero uma vida nova daqui pra frente. Não tenho a mínima idéia de como ela deverá ser. Ainda tenho muitas ânsias & angústias. Mais ânsias do que angústias. Já aprendi a lidar com as minhas angústias, eu diria que elas estão em processo de extinção. Mas as ânsias só vêm aumentando. Já a descrença e o ceticismo parecem ter entrado em equilíbrio. Quanto a mim, espero. Não sei exatamente pelo quê. Por um novo ciclo que está por se iniciar. Por algo mais. Me permito novamente ter uma esperança mal-definida e disforme – e isso já é uma evolução, acreditem. Eu sempre quis fazer a diferença no mundo, na vida, para alguém. Não sei se isso ainda faz algum sentido. Parece que sim. Provavelmente o que de mais importante eu carrego do ciclo passado é uma ausência que acabou por se tornar a pessoa mais presente na minha vida. O futuro é incerto, mas já é um começo.

“Não mais um rosto inchado de mágoa, não mais muros, não mais máscaras: Minha face limpa, e um sorriso apenas.”

E eu só fui entender agora.

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