terça-feira, 19 de maio de 2009

Eterno Retorno

Cigarros & vinho. O gosto amargo e acre da decadência em uma madrugada fria e solitária. Já perdi a conta de quantas vezes essa cena já se repetiu. Já estou cansado de falar de ciclos, temática viciada, mas as coisas não seguem em frente, apenas rodam e rodam e rodam sem fim.

Detesto o gosto do cigarro. O vinho tenta aplacar, mas não consegue completamente. Decadência pura. Gosto de derrota. Ângela canta ao fundo na madrugada fria, “tola foi você / por me abandonar / eu que tinha tanto amor a dar”, mas fui sempre eu que as abandonei, não tenho direito ou coragem de reclamar da solidão.

Vento frio na noite estrelada. Outono. Escrevo no escuro. Tentativas. Buscando alguma nobreza perdida, com o cigarro quase a queimar-me os dedos. Afastando amigos e amores, cada vez mais como um velho lobo solitário de 21 longos anos. Cada vez mais. Às vezes acho que eu não sei amar. Às vezes acho que não quero. Eu sou uma incógnita pra mim mesmo. Será que alguém será capaz de me explicar? De chegar pra mim e dizer, “olha, isso é tudo ilusão, ouro dos tolos, na verdade tu é assim e assado, igual a todo mundo.”? Bobagem, eu sei.

Tinha impressão de que eu havia mudado de ciclo, mas vejo que ainda estou muito preso ao ciclo anterior. Amarguras na mente e na alma. Os mesmos hábitos, as mesmas pessoas, os mesmos vícios. Os mesmos lugares. As mesmas fugas frustradas… tudo uma merda.

Tudo inútil. Tudo ilusão. Desesperos forçados. Escuridão eterna. Tentativas. Meu vocabulário está tão viciado quanto a minha vida. Um em conseqüência do outro, e vice-versa.

Tudo uma merda.

Ilusão.

“Escolhas sem escolha.”

Buscando um fim que não existe.

Uma evolução.

Um amor.

Um amor…

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