sexta-feira, 3 de julho de 2009

sobre o ceticismo

“Como faz pra deixar o ceticismo de lado?” Vi hoje essa pergunta no orkut de uma amiga minha e, para minha surpresa, eu – que sei de tudo – não sabia a resposta. Na verdade, é muito difícil até mesmo saber o que é o ceticismo. Talvez uma doença, talvez um estado de espírito. Mas eu me sinto inclinado a crer que é uma construção. Paciente, diária – uma construção. A cada dia que tu acordas, olhas para o mundo e não vê a beleza que supostamente deveria estar ali, tu te constróis cético. Houve um dia em que acreditaste em Papai Noel e Coelhinho da Páscoa. No Bicho Papão e na Cuca. Nas fadas e nos duendes. No amor e na amizade. Na paixão e no companheirismo. Por fim, o que restou? O ceticismo. Como uma erva má, ele foi tomando a tua alma, trepadeira infame escalando os teus muros interiores e matando sufocadas todas as flores outras, todos os sentimentos outros, tudo – consumindo, te consumindo. Mas chegará uma hora em que não haverá mais nada a ser consumido, o ceticismo, erva má absoluta dentro de ti, terá então vencido. Solitário, vencedor, absoluto. Não tendo mais nada a sugar, morrerá – talvez junto contigo –, seco e árido, morto, o ceticismo; seca e árida, morta, tu. Terá valido à pena? Terás lutado o suficiente?

“Como faz pra deixar o ceticismo de lado?” Se eu soubesse, viveria.

Um comentário:

Crazy Mary disse...

Perfeito!
Você tá escrevendo melhor que nunca. Ou então eu senti muitas saudades. rs
bjo