sábado, 13 de setembro de 2008

Tergiversações Filosóficas I

Eu devo ser extremamente desajustado. Não me ajusto em lugar algum. Fujo de casa, troco de cidade, mudo de país e a insatisfação continua a mesma. Talvez eu deva fundar um culto satânico, uma seita que promova sacrifícios, e realizar uma cerimônia de suicídio coletivo. O porquê não é importante. O que importa é o que falta. E sempre falta. Muito. Demais. E é essa falta que me consome, essa ausência de tudo... até de mim mesmo. Mas o fato é que nada muda. Já sei que não há fugas possíveis, mas isso não invalida as tentativas. Lajeado, Porto Alegre, Buenos Aires, Quinto dos Infernos... é tudo a mesma merda. É sempre a mesma situação, a mesma armadilha, a mesma corda no pescoço. Deus não salvou os inocentes que arderam nas fogueiras e Deus não salvará os que hoje queimam lentamente na fumaça da poluição. Deus morto está, porque o matamos nós. Nós mortos estamos e as crenças viraram bobagens. O fim não é a morte, não é o apocalipse: o fim é essa inércia absoluta – de todas as coisas – em que vivemos. O fim é o cotidiano. O fim é a rotina. O fim é lavar a roupa todo dia sem tempo nem consciência para a agonia. O fim é nem mesmo agonizar mais. O fim é se conformar, pedir a conta, levantar e seguir adiante. O fim é a vida.