terça-feira, 2 de setembro de 2008

Diário de Viagem - Parte II

Dia 31

Manhã: Acordamos e tomamos café. O choque inicial já se desfez. O albergue não parece mais tão ruim. Na verdade, é até um lugar simpático, com pinturas hippies nas portas e fotos de Diego Maradona por todo lugar.

Manhã: Saímos para dar uma volta e conhecer Buenos Aires. Está quente aqui, achei que estaria bem mais frio. Caminhamos pelos arredores do nosso albergue, que fica no bairro de San Telmo. Descobrimos que estamos hospedados perto da Plaza Constitución. Descobrimos os nossos possíveis trajetos nas linhas do metrô. Nós embarcamos na Estación Plaza Constitución ou na Estación Entre Rios e descemos na Estación Bolívar ou na Estación Catedral ou na Estación Piedras. Nós já demos umas voltas pelo centro. Vimos a Plaza de Mayo e a Casa Rosada. Estou encantado com os prédios históricos e as ruelas do centro velho. Os pombos da Plaza de Mayo são um espetáculo a parte.

Meio-dia: Encontramos um belo lugar para almoçar. Ok, as pessoas no Brasil não vão acreditar no que eu vou dizer agora, mas lá vai: Nós almoçamos no McCafé. Uma cafeteria do McDonald’s. E que cafeteria. Possivelmente a melhor cafeteria em que eu já estive. Extremamente requintada. Um ambiente de extremo bom gosto, digno de Buenos Aires, e que não lembra em nada as redes de fast-food norte-americanas. Tudo com muito requinte. As bandejas, as taças de café, os guardanapos – um parêntese para os guardanapos: os guardanapos mais requintados que eu já vi. Os cafés eram enormes e deliciosos. Possivelmente os melhores cafés que eu já provei. Ah, e ao contrário de muitas cafeterias do Brasil, aqui os cafés vêm acompanhados do famigerado martelinho de água mineral com gás – isto é muito importante. Para completar, uma bela música ambiente.

Obs: Durante o almoço eu e a Karina convencionamos chamar o nosso quarto no albergue de “Lugar Onde Estamos Ficando”, já que não conseguimos encontrar uma denominação adequada para lá.

Obs II: Durante o almoço eu descobri que a Karina ainda não está falando espanhol porque ela acha que fica pernóstico.

Tarde: Passamos a tarde caminhando pela rua Florida. É um calçadão, ao estilo da Rua da Praia em Porto Alegre, mas é bem mais comprida. Divertimo-nos entrando em várias galerias. Mas a nossa principal diversão foram as livrarias. Há inúmeras livrarias na rua Florida. E são todas ótimas livrarias, com vários andares, todas com cafés em seus interiores e algumas com salas de leituras – olha que coisa genial: tu não precisas comprar os livros, tu podes pegar um na estante, sentar na sala de leitura, ler, depois colocar de volta e ir embora. Nestas livrarias existem muitas coisas que normalmente não se encontram nas livrarias do Brasil, como coleções completas de Edgar Allan Poe e Henry Miller, Obras Completas de Cortazar, coisas assim. Outra coisa que também chamou muito a minha atenção nas livrarias daqui foram as seções infantis e juvenis. Aqui as crianças lêem, e lêem “livros com páginas”, como diria o Tiu fiu (isto me lembra que encontrei as coleções completas da Mafalda e da Maitena). Os livros para crianças que se vendem aqui são belos livros, e não aquela porcaria que há no Brasil.

Bem, encontramos muitas coisas na rua Florida. Ela é repleta de artistas de rua. Mas o que mais nos chamou a atenção foram os cafés. Há alguns cafés charmosíssimos na rua Florida. Pudemos ver também toda a beleza e o esplendor dos grandes prédios históricos, embora, infelizmente, muitos deles tenham que conviver com as pichações e o abandono. Buenos Aires é uma cidade de contrastes. Vimos alguns mendigos, artistas de rua, hippies, turistas italianos, mas o fato é que a cidade está infestada de emos. Tu vai vê-los em qualquer lugar para onde olhares. São tantos os contrastes de Buenos Aires que é possível até mesmo encontrar uma loja chamada “New Coliseum”.

Bem, como descobertas importantes no setor de logísticas, nós descobrimos que a nossa linha de metrô é a linha “C”, e que podemos pegar o metrô na Estación Plaza de Mayo e chegar a Estación San Juan que, para nossa surpresa, fica na esquina do nosso albergue. Nossos passes de metrô – detalhe: a passagem do metrô custa 90 centavos de peso – indicam que nós fomos para o centro às 11:18 e voltamos às 16:31. Mas como até nós encontrarmos a Estación Entre Rios nós já havíamos caminhado muitos quilômetros, e andamos muitos mais no centro, às 16 horas nós já estávamos mortos. Então tomamos um café reforçado no McCafé, com direito à croissants amanteigados e muffins de chocolate. Depois voltamos para o “Lugar Onde Estamos Ficando”. No caminho descobrimos onde fica o famoso Grand Café Tortoni. Como descoberta do final do dia, posso acrescentar o fato de que o nosso albergue não tem lavanderia. Mas de acordo com o Matias, nosso simpático atendente, existe uma lavanderia há uma quadra e meia do albergue.

Aqui escurece muito cedo, por volta das 17:30. Como estamos sempre muito cansados, nós dormimos cedo. Ontem fomos dormir às 18:30, e só acordamos 14 horas e meia depois.

Nossa programação para amanhã envolve ir à Universidad Abierta Interamericana e tentar conseguir uma vaga lá. Depois vamos à Embaixada do Brasil tentar um visto de estudante ou qualquer coisa parecida, pois o visto de turista só é válido por três meses e não permite exercer atividades remuneradas. Também vamos tentar habilitar o roaming internacional dos nossos celulares para não ficarmos tão incomunicáveis.

Nós ainda não decidimos se ficaremos aqui em Buenos Aires por mais de um mês. Por enquanto estamos em dúvida entre três opções: ficar aqui, ir para Montevidéu ou ir para Santiago. Também pensamos em ir para Belo Horizonte – não me pergunte por que – mas isso vai ficar para mais tarde.

Amanhã eu provavelmente terei que ir lá na sala do albergue para postar isso, afinal, a wireless não funciona aqui no quarto.

Bueno! Acho que vou dormir.

Noite: Ainda não dormi. Há pessoas correndo pelos corredores do albergue, gritando coisas em espanhol. É divertido.

Um comentário:

Anônimo disse...

falar espanhol é extremamente pernóstico!

se eu fosse pra buenos aires iria me comunicar em portunhol: muito mais digno e humilde.