sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Eterno Retorno

“CÍRCULOS!
Dentre as formas geométricas, é aquela que contém mais significados filosóficos.”

Uma cigarrilha e um grande copo de vodka. Pura. É incrível como depois de tantos anos de vícios eu ainda continuo um fraco. Uma cigarrilha e um grande copo de vodka. Pura. É tudo o que basta para me deixar tonto a ponto de não conseguir manter-me em pé. Já perguntei milhares de vezes de que me serve tudo isso. Continuo sem resposta. Continuo achando que é uma espécie de fuga que não me serve pra merda nenhuma. O frio do inverno. O calor das mulheres que freqüentam a minha cama. Das mulheres que me amam e que eu não posso/consigo amar de volta. É deprimente. Então passo dias deitado embaixo dos edredons tentando acordar desse pesadelo sem fim, tentado morrer. Eu nunca pedi pra ser eu mesmo. Foi uma escolha sem escolha.

“Cheguei onde saberia que chegaria. Podia ter demorado um pouco mais.
Num bar.
Com um vinho barato, um cigarro no cinzeiro e uma cara embriagada no espelho do banheiro.
Sempre será a mesma coisa, mesmo que nunca mais seja igual, e mesmo que ninguém acredite.”

Não há fuga. Nunca houve. Uma ilusão que não era bonita nem maravilhosa nem nada. Que era apenas outra coisa diferente desta. Outra coisa onde havia, talvez, esperança. Uma esperança verde e fresca. Mas agora, aqui, um trator cimentou, concretou, passou um asfalto cinza e um rolo compressor em cima dessa esperança. Agora eu voltei a ser quem eu sempre fui, e de mim não há fuga. Eu que não sei amar. Eu que não sei viver. Eu, que até o desespero abandonou. Do que vale uma vida sem um passarinho azul no coração?


Um comentário:

Crazy Mary disse...

É verdade. A vida anda sempre em círculos. Você vai, foge, corre e acaba parando no mesmo lugar. No fim, voltamos a ser tudo aquilo a gente tentou não ser.