domingo, 30 de março de 2008

Auto-Exorcismo

Por mais que eu viva sempre imerso em um ceticismo ridículo e torpe, há momento em que necessito desesperadoramente estar em contato com outros seres humanos - a priori, desprezados em função da hipocrisia vigente. É nestes momento que me olho no espelho e me pergunto "What the fuck is going on?" ou "Who the fuck are you?". É. Faz parte. Em momentos de solidão conhecer outras partes de si mesmo até então desconhecidas. Outras necessidades, antes inexistentes ou hipocritamente mascaradas. Sim. Porque apesar das bilhões de críticas à hipocrisia, ela é intrínseca ao ser humano e, embora eu não goste de admitir, ainda sou um ser humano.

Compreensão. É isso que me falta. Compreender os outros e a mim mesmo. Compreender a vida e buscar algo como um sentido, uma lógica, uma noção de continuidade.

Não gosto do que vejo quando olho no espelho. Pessoa assustadora. Cruel, fria, cética. Eu não era ssim. O que aconteceu? Sofrimentos? Decepções? A vida? E alguma coisa ainda tem importância? Alguém? Ora, por favor...

Não acho saudável esta espécie de auto-exorcismo que vai fundo demais, à la Carla Marcolin, mas foda-se, há muito tempo eu não faço nada saudável, nada politicamente correto.

Se me perguntarem, eu direi que não sei. Foi só um momento. Um delírio, um devaneio, induzido por várias xícaras de café, alguns textos, Radiohead e Solidão Medonha. Ninguém vai gostar, eu sei. Mas eu nunca me importei com isso. Ou?

Só sei que nada sei. Cada vez mais. Me condeno a ser eu mesmo a cada dia. Como um círculo vicioso. Onde será que isso vai parar? Tantas perguntas, tantas perguntas...

Uma vodka no armário, músicas tristes e solidão. Foi o que me restou. Foi o que eu construí pra mim. Tem volta? Eu quero voltar? Eu ainda tenho forças? Mil vezes não sei. Eu só queria quê. Eu nem sei mais o que eu queria. Eu só sei que não é isto. Não é ser este alguém desta forma.

"Tudo é maya / ilusão. Ou samsara / círculo vicioso."

Que a vida se encarregue de mim, porque eu não tenho mais forças.

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