sábado, 27 de outubro de 2007

Um conto... ou algo parecido (by Su & Ryan)

A melancolia tomou conta do meu lar. Decidi sair, procurar o que não estava ali. Mas ela parece me perseguir. Chovia incessantemente. Eu não conseguia ver mais nada, mas o sentimento era cada vez mais dilacerante. Eu precisava de algo para me acalmar. Acendi um cigarro para tentar relaxar. Posso estar doente da alma? Ora, e desde quando almas ficam doentes? Ficam? É, acho que sim... e as doenças de alma são muito piores que as doenças de corpo. As doenças de corpo a gente cura com remédio. As doenças de alma não tem cura... As doenças de corpo acabam na morte. As doenças de alma podem viver e morrer comigo... muitas vezes. Preciso de um bálsamo. Ou de um caminho. Não sei ao certo o quê, mas preciso de algo. Talvez de uma luz... mas saberia eu reconhecê-la, se ela aparecer? Dizem que a gente só sabe depois que ela já se apagou... E se for assim comigo? Será que a minha luz já surgiu? E eu conseguirei vê-la antes que se apague? Ou talvez... minha luz não possa encontrar-me... pois estou eu apagado... Não sei não sei não sei... mas estou cansado, cansado de gritar e ninguém ouvir... Minha melancolia é a minha escuridão, e estou cansado de não ver luz alguma. No que isso vai dar? Não sei... como poderia eu saber? Eu luto por vezes, fujo por outras... mas de nada adianta: acabo sempre voltando ao ponto de partida. Meu universo de pequenos nadas... todos os olhares, que nunca foram mais do que simples olhares, mas que para mim, foram muito mais... cada palavra que lembro até hoje... esse meu círculo vicioso de eternas buscas frustradas... Quando vou aprender? Quando vou crescer? Não, eu não quero crescer. Crescer é mau, é sujo, é feio! Eu quero... simplesmente... ser diferente... eu quero... viver. Ou não. Eu quero um amor... mas o que é amor? Acho que há muito perdi o jeito de amar... Mas ainda assim me pergunto: onde está o meu amor? Talvez... eu nem saiba o que é o amor... não de verdade... E me pergunto: irá existir um alguém capaz de me entender? Eu acho que estou buscando nos lugares errado, da maneira errada... talvez... eu nem saiba o que realmente estou buscando... O que é o amor? É compreensão? É amizade? É sexo, bom, carinhoso ou selvagem? Talvez seja simplesmente algo que ninguém esteja disposto a dar. Algo que não tem nome... que não tem explicação... mas que se sente... E será que eu estaria disposto a dar o meu amor para alguém? Como saberei... De certa forma, a minha melancolia me dá uma agradável proteção... e um confortável distanciamento... de tudo... de todos... Um dia ainda viro essa página. Hoje não. Hoje eu quero... chorar. Mas nem chorar eu consigo! O que há comigo?! Minha armadura já me sufoca. Eu acho que... eu não consigo mais sentir. E não há ninguém aqui comigo. Está tudo tão árido e seco. Minha alma, meu coração, eu estou árido e seco! Mas eu não escolhi ser assim, apenas tive que aceitar. Essa vida e esse mundo e essas pessoas me transformaram no que sou hoje. Não, eu não tive escolha. Precisei da minha armadura para me proteger. E se hoje ela entra na minha carne e tira a minha vida, eu só posso dizer: não foi culpa minha. E não me venha com soluções. Só eu sei pelo que passei, só eu sei o que sofri. E por mais que eu tente, você não vai deixar. E por mais que você tente, eu não vou deixar. Esse é o meu destino, quer tenha eu o escolhido (como dizem), quer tenha ele sido imposto a mim. Então procuro uma estrela e faço meu pedido e saio feliz achando que tudo vai melhorar, mas eu sempre caio, e cair dói tanto... E deixo de acreditar nas estrelas, deixo de acreditar em fadas e duendes, deixo de acreditar em deuses e seres mitológicos... deixo de acreditar na magia das coisas... e então vejo esse mundo sem mágica, e me vejo caído sozinho e com uma dor dilacerante, no meio desse mundo sem mágica... Então todos dizem que sou louco, mas sou apenas sentimental. Mas se eu não for sentimental, eu vou ser como qualquer pessoa... e se for para ser como qualquer pessoa, prefiro o meu caixão. Morrer sempre foi tão mais glorioso pra mim. É tão mais fácil! E me parece tão mais lúcido do que viver nesse mundo insano. Por um momento de paz, eu iria... para acabar com as minhas divagações... “Mas não tem volta!” me diz aquela vozinha interior. O que me conforta ainda mais. E eu grito: não quero voltar!!! Mas então... o que me impede? Covardia? Não... deve ser algo mais forte... mais profundo... Sucessivas tentativas fracassadas? Ou a esperança em algo... Mas em quê? Não sei ao certo... Ou sei, e é justamente aquilo que eu mais temo. Mudança. Eu como eterno insatisfeito que sou, sempre espero que as coisas mudem. Mas eu devo ter esperança em quê? Em dias melhores, em pessoas bacanas, em amor de verdade... eu acredito que um-amor-de-verdade possa me "consertar". Mas talvez... eu tenha medo de amar. E tenho! O que faço? Fujo! E me arrependo... É do meu feitio, é o meu instinto. E eu sei que nunca vou ser feliz assim...
(tá doendo)

2 comentários:

Ryan Mainardi disse...

porque eu lembrei.
e li de novo.
e fez sentido.
e doeu fundo.
ainda e sempre.

Ryan Mainardi disse...

e esse existencialimo absoluto segurando uma espada afiada sobre a minha cabeça... pronto pra soltar...