quarta-feira, 17 de outubro de 2007

(Des)Considerações

Nós temos esta concepção. Essa clareza de conceitos tão maior que as pessoas comuns.

É aquela coisa de “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”, saca? Será que há algo que (realmente) valha a pena cativar?

É cansativo. Dor de estômago constante. Dor de cabeça permanente. É muito clichê dizer: dor na alma e no coração. Hoje em dia nossa alma está vendida, e nosso coração está marcado a ferro e fogo pela luxúria.

Velhos sonhos, com molduras bonitas, espalhados pelas paredes, juntando poeira.

Não consegui te segurar. Caiu. Te vi ali, no chão. Pareceu-me tão distante. E não quis te trazer de volta. Pra quê? Era só sofrimento. Pra mim e pra ti. Tu parecia tão... em paz. Tão serena. Longe de mim.

“Eu te amo!” “Eu também te amo!”

E quando eu converso com Caio, ele me diz que não é nada de mais: “Tudo bode.” Mas eu sei que é.

Eu sou muito intenso, portanto viverei pouco.

Sabe, há todas estas percepções pseudo-disformes. Tudo isto que tenta nos levar à algum lugar que... simplesmente... não existe. “O tal de inconsciente coletivo...

É. Eu me repito e eu me perco. Eternamente. Acho que o dia em que eu me encontrar, estarei perdido.

O cheiro podre de cérebros se decompondo em cabeças vazias.

O vazio.

Eu: me derretendo por dentro.

Ou para usar a minha própria linguagem, essa de gente que vive amontoada entre outras gentes, mesmo quando se retira, porque a vida incha lá fora, invadindo as janelas fechadas, sobreviventes de uma série descolorida de fracassos iguais e mesmas tentativas, idênticas queixas, esperas inúteis, magoas inconfessáveis de tão miúdas.

“Tá tudo rodando rodando rodando.”

E eu aqui: sentado na cama vazia dela, sentindo o cheiro dela, com o gosto amargo do café muito forte que ela faz, coisa lá da terra dela, e eu aqui ouvindo a chuva. Lendo coisas mundanas ao lado de uma deusa egípcia e de uma fada celta. Toda esta mística. O cheiro de incenso sobrepondo-se ao cheiro do nosso sexo. Como um pedaço de chocolate. O doce contra o amargo. Ouço cantos de pássaros lá fora. Desejo morrer.

Tudo é inspiração. Tudo o que é realidade. Todas as coisas do “mundo da vida”. Tudo pode ser transformado em arte. Mas tudo depende da visão do artista. Se ele só vê coisas más, sua arte será desesperadora.

Os artistas deveriam ser educados à só verem coisas boas. Domesticação da percepção.

Se uma gota Divina cai na Terra, o que nós fazemos é apreciá-la e consumi-la até o fim. É isso o que nós somos.

A traição é um momento de reflexão: Deve-se continuar?

São tantos os questionamentos que fazemos a respeito de nós mesmos.

A palavra “se” não exprime possibilidade. Exprime apenas algo que não existe. Ou seja, “se” representa a não-realidade. “Se” é um modo de fuga. E fugir é o que todos queremos. Fugir de alguma situação, fugir de alguém, fugir das nossas vidas, fugir de nós mesmos.

O que eu represento?

Tentativas.

O que é a luz na escuridão? Por que este conceito de que o escuro é mau? Por que esta série infindável de perguntas sem respostas?

Sabe, eu acho, simplesmente, quê.

There is no shortcut for happiness.

Desenho corações pelo seu corpo. Procuro o meu coração perdido.

Isso faz algum sentido pra você?

Os lençóis sujos estão jogados em um canto do quarto. Bebo um copo de água limpa para me purificar. Sinto o gosto acético do cloro. Aquela purificação que não é espiritual, mas sordidamente higienizada. O cobertor, com traços que se cruzam perpendicularmente, lembra-me as grades de uma prisão. Grades coloridas, é verdade. Mas ainda assim: grades. O cachorro de pelúcia olha-me com olhos vazios, e eu olho para ele: vazio. Ambos, nós dois, o cachorro e eu: nos olhamos. Ambos: vazios.

Saio.

Andar pelas ruas de madrugada é saudável. Sentir o ar da noite... diminui a vontade de gritar. Caio me dizia outro dia que também tinha esta vontade de gritar. Sempre. Assim como eu.

Os barulhos das madrugadas desertas nos amedrontam e nos distraem. E.

Quando olho para ela deitada assim: tão indefesa. tão impotente. tão incapaz de fazer mal. tão incapaz de me fazer sofrer. tão incapaz de trazer toda essa dor. eu quase tenho vontade de.

Parece que faz anos que não choro.

Chorar alivia o peso da alma.

Minha alma é tão pesada.

Tudo isto pode não significar nada. Mas eu creio que há uma significação implícita, maior, como se a resolução deste enigma universal que aflige todas as almas estivesse contida em uma gota de orvalho. Em todas as gotas de orvalho. Em nós mesmos. Na ponta da minha caneta.

Somos bárbaros. Todos nós. Não há música Divina que possa elevar nossas almas a ponto de serem salvas. Não temos ouvidos para tais melodias. Assim como não temos intelecto para a paz nem coração para o bem. O mal da humanidade são os seres humanos. Eu e você incluídos nestes.

Você entende que tudo isto é inútil? Por mais que consigamos compreender a nossa consciência original, jamais conseguiremos fugir a ela.

Por que o ser humano não é melhor? Porque não é da sua natureza ser melhor. Se fossemos melhores, não seriamos humanos. O que nos humaniza são justamente as nossas fraquezas de instinto e as nossas maldades de sentimento.

Ser humano: animal, bicho. Movido pelo instinto. Controlado por necessidades naturais. Mente perversa. Intelecto maligno. Egocêntrico. Sentimentos inconstantes. Mau, por condição básica de existência.

Tudo bem, o mundo não está perdido. Nós sempre fomos assim, e construímos civilizações milenares. Tudo é apenas constatação. As pessoas têm defeitos (muitos e graves), pois é da nossa natureza. E a humanidade continuará existindo em perfeito desequilíbrio.

O caos.

Não adianta (tentar) fugir. Não há para onde fugir.

Eu sei que vai doer, mas eu preciso dizer: é impossível fugir de si mesmo. O seu duplo sempre o encontrará.

– Você venceu e eu me rendo. Todavia, doravante você também estará morto – morto para o Mundo, morto para os Céus e morto para a Esperança! Era em mim que você existia – e, na minha morte, veja por esta imagem, que também é a sua, quão completamente você assassinou a si mesmo

Há várias noites que não durmo, nem sonho, nem permaneço acordado: para onde vou?

A cada piscar de olhos uma nova frase me atormenta.

Vive-se em busca de libertação. Mas vive-se com medo da morte. Embora todos saibam que a morte é a libertação.

As pessoas vivem com medo de libertarem-se!

Não há nada mais cômodo que continuar. Qualquer um pode continuar. É só seguir em frente. Não é preciso pensar. Não é preciso sentir. É só continuar, buscando uma libertação que nunca virá, e temendo a morte que sempre é certa.

“Eu quero correr na beira da praia com um cachorro peludo e babão!”

...e eu dizia que no meu túmulo queria um anjo desmunhecado...

A insônia: é simplesmente um mal: que aflige os desesperados: e desespera os aflitos.

“Não há nada mais chato que pseudo-existencialismo.”

Eu fui tocado por um anjo de fogo que me disse: “a salvação pertence apenas àqueles que aceitarem a loucura escorrendo em suas veias.

Tenho as mãos pequenas, com as juntas grossas e os dedos pintados de tinta. O que eu significo?

Ninguém se importa com o que eu tenho a dizer. E o que eu tenho a dizer não se importa com ninguém.

I just want to sleep. Forever.

A frustração nos torna canalhas. Ela acaba com a noção de caráter.

Eu olhei nos olhos do diabo e vi.

Uma taça de sangue. Bem vermelho. Bem vivo. Bem morto.

Nós não vivemos em contos de fadas: as pessoas traem. Não porque querem magoar as outras, mas porque, simplesmente, acontece. Sem premeditações mirabolantes, sem intenções maléficas. Simplesmente: bate o olho e trai. Às vezes por burrice, às vezes por impulso, às vezes por coisa nenhuma. Às vezes por simples falta de.

Carinho amor afeição sexo algo-mais.

O querer é um deus maligno que nos manipula à seu bel-prazer.

Sinto um vazio existencial. E não é fome.

Buscando em qualquer lugar um resquício de. O que era. E não é mais. Ou é, e apenas tenta disfarçar-se com sorrisos bobos e alegrias bonitas. Disfarce. “no fundo permanecia aquela pobre estopa desgastada

Vesti meu moletom velho e amassado. Saí para respirar o ar frio. Acho que tenho febre.

Ele é vermelho, o moletom. Cor de fogo. Cor de sangue. Cor de rubi incandescente, elevado para que a luz do sol o faça brilhar rubro.

E fica ecoando na minha mente again, again and again: “There is no shortcut to happiness.

Tenho marcas nos pulsos. Tenho esta compreensão sangrada de tudo.

Um mundo novo, cheio de possibilidades, se abre à minha frente. Um universo de novas percepções.

Os pingos de chuva correm pela janela. O vento é frio e úmido. Mas ainda sujo.

Cai uma gota de chuva no meu lábio inferior. Lambo-a. Sinto o gosto. Gosto de chuva urbana. Diferente do gosto da chuva nas montanhas, e da chuva na beira do mar. Dá até pra distinguir um leve gosto de poluição. Amargo. Como o gosto destes constantes fracassos urbanóides.

A realidade é ilusão. O mundo é pensamento.

Todos reclamam.

Áries com ascendente em Leão. É problema na certa.

Cansaço.

Fazer a vida valer a pena. A cada segundo.

O problema são estas pessoas imundas. Tenho nojo delas. Seriam dignas de pena, se pena fosse um sentimento digno. A imundície destas pessoas consiste em suas limitações. Elas são mais propriamente um conjunto de limitações do que seres humanos. E estes limites são tão baixos que não encontro uma expressão que defina melhor estas pessoas do que: imundas. Incapazes de ver o sol brilhar. Incapazes de ver a luz. Incapazes de pensar. Incapazes de possuir qualquer tipo de conhecimento significativo. E acima de tudo: cegas e surdas a quem o possui. Limitadas ao seu mundo imundo de baixezas mil, eternamente, sem chance de fuga por escolha própria. O problema são estas pessoas imundas.

Há homens que já nascem póstumos.

O mundo é um lugar embaçado. Algumas pessoas possuem uma lente em suas mentes, que lhes possibilita ver o quão miserável e degradante é a nossa realidade. Não quereis, advirto-lhes, nunca, possuir tal lente!

O que podemos fazer?

Todo caminho leva à algum lugar. E quando chegamos neste lugar, tudo o que nos espera é outro caminho. E assim é a nossa vida: uma infinita sucessão de caminhos. Alguns certos, outros errados. Mas todos válidos.

Não existe o Certo e o Errado.

Deito na minha cama e durmo: pois os sonhos sempre me dizem algo quê.

A humanidade está condenada. Só pode estar. Que propósito haveria em salvá-la? Nenhum. A humanidade simplesmente não merece ser salva.

E qual o papel dos falsos profetas?

Enganar, iludir, mentir. Fazer-nos acreditar que merecemos algo melhor. E nós não merecemos. E não teremos.

Serei eu, um falso profeta? Não.

Eu sou, simplesmente: uma pessoa horrível.

5 comentários:

Ryan Mainardi disse...

por favor: perdoem-me: tenham paciência comigo: e com meus posts enormes: eu preciso vomitar tudo isso...

Anônimo disse...

O que dizer de tudo isso...

Simplesmente...

Tu te tornas eternamente responsável (sim) por aquilo que cativas.

Se vale ou não a pena... Só tu podes dizer.

Creio que tudo vale a pena, embora...

Não sei se trair seria a melhor escolha, mas...

Caos... Pesadelos... Sonhos...

Enfim...

São apenas pessoas que passam...
Simplesmente passam...
Como tudo passa...

As escolhas são somente suas...
Os caminhos...

Então...

...

Anônimo disse...

assim, vomitar, pôr assim, cuspindo até o último resquício de comida semi-digerida, tudo pra fora. no vaso.

necessário

Anônimo disse...

RIDÍCULO...

SEM CORAÇÃO...

DESUMANO.

TUDO O QUE VAI, VOLTA EM DOBRO.

Unknown disse...

é sim necessário... concordo...

e tu sabe que não é uma pessoa horrivell..
mesmo assim, pra admitir o que esta sentindo (a seu respeito) e tudo mais, é preciso coragem.. tu tem coragem.

o desabafo é bom...

é importante.

o resto tu sabe... também